25 julho 2011

OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE

                                                      


Sempre que em Portugal foi adoptado um programa de austeridade os ricos ficaram de fora, como se o rendimento destes tivesse um estatuto diferente do dos outros portugueses.
Não se mexe na riqueza com receio de que fuja, não se tributam as mais-valias obtidas em bolsa para que não se perturbe o financiamento das empresas, não se tributam os juros para que as poupanças não emigrem.
Para que os ricos fiquem de fora sobrecarrega-se a classe média e os mais pobres, mesmo quando se cria uma sobretaxa sobre os rendimentos declarados em 20112 tem-se o cuidado de deixar os mais ricos de fora, ainda que como falsa contrapartida se tenham deixado os mais pobres pois para estes está reservado um aumento do IVA que lhes é especialmente dirigido.
Para além das consequências financeiras desta segregação positiva dos mais ricos põe-se uma questão coesão nacional, sempre que Portugal enfrentou crises económicas graves os mais ricos conseguiram sempre um estatuto de estrangeiros residentes, foram dispensados das suas obrigações enquanto portugueses. É como se perante uma situação de guerra os filhos dos Belmiros e dos Ulrichs fossem dispensados do serviço militar pois o seu contributo era mais importantes como gestores do que como carne para canhão. Isto não é nada de novo, nos tempos da guerra colonial muito filho de boas famílias reprovou na inspecção ou cumpriu o serviço militar em repartições administrativas.

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