21 novembro 2011

NINGUEM COMO CAVACO ENDIVIDOU PORTUGAL!...

CAVACO. A MÃO QUE EMBALA O BERÇO



Vasco Pulido Valente faz hoje 70 anos. Pedro Lomba entrevistou-o para o Público. Excertos, sublinhados meus
«[...] Mesmo assim, em 1974 ainda existiam os morgadios e outras coisas que só acabaram com o 25 de Abril. [...] Politicamente e economicamente, pois o liberalismo nunca existiu. Nunca existiu como nunca existiu um poder legítimo em Portugal até 1982. Até à dissolução do Conselho da Revolução não houve poder legítimo em Portugal. As pessoas que mandaram neste país foi porque mandaram neste país. [...] Foi o Cavaco que empurrou o carrinho pela descida abaixo. Lembra-se daqueles anúncios que ele fazia: Aumentei as reformas, aumentei as pensões”. O Cavaco começou [o endividamento] A Revolução significou fazer uma classe média. [...] Era preciso fazer uma classe média para sustentar o regime e empregou-se a classe média no Estado. Toda. Nas profissões, com as qualificações mais estapafúrdias. Empregou-se aquela gente a eito. Por isso é que nós temos 700 mil funcionários. [...] Portanto, o Estado Social favorece é a classe média, não os pobrezinhos. Isto é um lugar-comum na Europa. [...] Está por provar que as políticas da austeridade ressuscitem as economias. Isto não tem nada que ver com dar esperança às pessoas, ou falar em regeneração e justiça. Vinte e cinco anos de indisciplina fiscal absoluta produziram isto, agora temos de pagar as dívidas. Estes são os factos. Pessoas que não perguntaram quando estavam a ser beneficiadas têm de perguntar agora que estão a ser, na maneira delas, prejudicadas. [...] Mas isto não é um problema português. [...] Ainda hoje em França as pessoas se reformam, parece, aos 62 anos. Isto não é sustentável. [...] As pessoas subestimam a sombra da 2.ª Guerra Mundial sobre esta união europeia. A União é uma maneira de garantir que a Alemanha não causa problemas à Europa, é uma maneira de ligar a Alemanha ao resto da Europa e é essa a preocupação, não é a paz. Tal como acabar com a moeda de um país é tirar-lhe mais de metade da sua independência. Os alemães não queriam o euro. O euro não foi feito a bem da Europa. O euro foi feito para acabar com o marco. [...] O Cavaco subiu as expectativas dos portugueses absurdamente. [ninguém como ele] nos endividou tanto. [...]   Cavaco não fez nada pela produção portuguesa. Acabou com a frota pesqueira, com a agricultura, com várias coisas. Nunca percebeu que a justiça era importante. Quando lhe diziam, nenhuma economia funciona sem a santidade dos contratos, não percebia. Ainda hoje percebe pouco do que se passa à volta dele. E tem a força dos obcecados. [...] A miséria que havia em 1974 não se compara com a miséria que há hoje. Os meus pais iam passar férias a Magoito, uma aldeia a 15 quilómetros de Sintra, e a miséria daquela gente era de pôr os cabelos em pé. [...] Não vejo por que é que um colunista deva ser capado politicamente. O que acho é que não se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. Sempre que estive dentro de alguma coisa, parei — tanto durante o Sá Carneiro, como durante o MASP. Não escrevi. [...] A única pessoa que criou um ódio permanente foi o Balsemão [...] mas ele é monstruosamente vaidoso, mais do que o Cavaco.»

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