31 julho 2010

CANTAR CESÁRIO VERDE


Esplêndida

Ei-la! Como vai bela! Os esplendores
Do lúbrico Versailles do Rei-Sol!
Aumenta-os com retoques sedutores.
É como o refulgir dum arrebol
Em sedas multicores.

Deita-se com langor no azul celeste
Do seu landau forrado de cetim;
E os seus negros corcéis que a espuma veste,
Sobem a trote a rua do Alecrim,
Velozes como a peste.

É fidalga e soberba. As incensadas
Dubarry, Montespan e Maintenon
Se a vissem ficariam ofuscadas
Tem a altivez magnética e o bem-tom
Das cortes depravadas.

É clara como os pós à marechala,
E as mãos, que o Jock Club embalsamou,
Entre peles de tigres as regala;
De tigres que por ela apunhalou,
Um amante, em Bengala.

É ducalmente esplêndida! A carruagem
Vai agora subindo devagar;
Ela, no brilhantismo da equipagem,
Ela, de olhos cerrados, a cismar
Atrai como a voragem!

Os lacaios vão firmes na almofada;
E a doce brisa dá-lhes de través
Nas capas de borracha esbranquiçada,
Nos chapéus com reseta, e nas librés
De forma aprimorada.

E eu vou acompanhando-a, corcovado,
No trottoir, como um doido, em convulsões,
Febril, de colarinho amarrotado,
Desejando o lugar dos seus truões,
Sinistro e mal trajado.

E daria, contente e voluntário,
A minha independência e o meu porvir,
Para ser, eu poeta solitário,
Para ser, ó princesa sem sorrir,
Teu pobre trintanário.

E aos almoços magníficos do Mata
Preferiria ir, fardado, aí,
Ostentando galões de velha prata,
E de costas voltadas para ti,
Formosa aristocrata!

Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'

DIREITO À INOCÊNCIA E A PERVERSIDADE DA JUSTIÇA






A acção do Ministério Público no caso Freeport é o sintoma evidente da podridão do sistema de justiça. Vem aí uma guerra sem fim à vista
A perversidade da justiça em Portugal está a assumir proporções inacreditáveis. O que aí vem é um Verão Quente cheio de notícias sobre o Freeport que vai obrigar José Sócrates a reagir em público, por muito que o primeiro-ministro tenha desejado, como disse na terça-feira, ser a última vez que exercia o seu "legítimo direito de defesa contra a calúnia". Era previsível. A guerra que se instalou no Ministério Público - e que alastrou a todo o país - só poderia entrar numa nova escalada com a forma idiota como terminou

a investigação do Freeport e a sequente acusação do Ministério Público. O despacho final tem seis páginas de considerações dos procuradores que lançam suspeitas sobre o envolvimento do actual primeiro- -ministro no licenciamento do Freeport. O facto de o Ministério Público afirmar que não ouviu José Sócrates por falta de tempo - o vice-procurador geral, Mário Gomes Dias, estabeleceu uma data limite para a conclusão do inquérito - é manifestamente lamentável. Porque, tratando-se de José Sócrates ou do Manel dos Anzóis, é evidente que essa informação seria pública mais tarde ou mais cedo. E que a suspeita iria, uma vez mais, adensar-se.

Esta táctica permite iludir o povinho e lançar a pretensiosa ilusão de que a justiça está a tentar punir os criminosos. Mas não está. Independentemente da verdade que define o comportamento - censurável, ou não - do então ministro do Ambiente, o que o Ministério Público está a fazer é a negar o direito à inocência. E um sistema de justiça que não garante

o direito à inocência de todos

e quaisquer cidadãos merece censura. Se há suspeitas sobre Sócrates é da mais elementar evidência que o primeiro-ministro tem de ser ouvido, questionado, apertado, julgado e, se for caso disso, condenado. O que não pode acontecer, em circunstância alguma, é deixar tudo no limbo na indefinição.

O facto de o Ministério Público não ter acusado Sócrates não significa que o caso tenha acabado. Ele vai continuar na esfera pública. E, porque se trata de matéria de interesse noticioso, o i não se coibirá de publicar notícias sobre a matéria. Mas, dito isto, é preciso dar o passo seguinte. Se a investigação criminal não serve para acusar e punir, se serve tão-só e apenas para "julgar" pessoas na arena mediática, isto significa que a justiça está podre. Das duas uma: ou os procuradores do Ministério Público foram impedidos de fazer o seu trabalho - e têm o dever de identificar quem o boicotou -, ou agiram de má-fé e merecem ser punidos. É evidente que o despacho de acusação deixa no ar a suspeita de que alguém na hierarquia do Ministério Público impediu a investigação. E tudo isto tem consequências terríveis. Desde logo, a guerra entre o Ministério Público e os políticos, que desejam, de facto, amordaçar a autonomia do Ministério Público - uma ideia muito perigosa. Depois o total descrédito da justiça em Portugal, com nefastas e previsíveis consequências. E, finalmente, a impossibilidade de punir os criminosos e garantir que os inocentes o sejam de facto e de jure. A próxima guerra está anunciada, não tem fim à vista e será calamitosa. As tropas vão dividir-se entre os que defendem a autonomia do Ministério Público e os que
pretendem acabar com ela.



GANÂNCIA E COBARDIA

A tragédia do Golfo do México
Há quem negue o grave problema da alteração climática, não porque tenha

conhecimentos e dados cientificos para o fazer

mas porque está ligado a interesses do

carvão e do petróleo


O NÓVEL PSD - PASSOS, MEDINA & COMPª.

Que lindo enterro aí vem!... Abram alas à Charrette da tragédia

comandada pelo Coelho, o Piloto de Testes

Crespo, o porta voz, vem no atrelado

E Campos e de Cunha, o canarinho, vai cantando para animar as hostes.

ISTO ESTÁ DIFÍCIL P'RA TODOS...


Bem observado. O que mais me espantou não foi o negócio – apesar dos valores chorudos para o nosso meio e ter sido conduzido com mestria pela parte portuguesa – mas a sequência de aparições, em dias sucessivos, de Sócrates proferindo declarações de vitória defronte do mesmo quadro, ao mesmo microfone, perante as mesmas câmaras e dirigindo-se ao mesmo público. O ar embaraçado e incrédulo dos jornalistas que se habituaram nos últimos tempos em tomar Sócrates como um politico acabado. E o mais extraordinário de tudo: a coincidência do líder do principal partido da oposição ter criticado o governo a propósito do negócio da Vivo, por duas vezes, em território espanhol. Isto está difícil para todos!
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A memória, esse bem precioso!
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30 julho 2010

ALGUÉM QUER MANTER OS MIASMAS DA MERDA?

O Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, garantiu que não colocou "qualquer limitação, designadamente de tempo ou lugar, concordando inclusive com todas as deslocações ao estrangeiro que entenderam dever fazer" no âmbito das investigações do Freeport, revela em comunicado.
Esta é a reacção do PGR à notícia do "Público" que revelava que os procuradores do Ministério Público quiseram ouvir José Sócrates sobre o caso Freeport, mas "prazos inviabilizaram tal diligência".
Segundo Pinto Monteiro " durante cerca de seis anos, os investigadores do processo (Ministério Público e Polícia Judiciária) ouviram quem entenderam, onde entenderam e pela forma que acharam conveniente".
O PGR esclareceu ainda que vai avançar com um inquérito a curto-prazo "para o integral esclarecimento de todas as questões de índole processual ou deontológica" que o processo Freeport possa suscitar".No
i
Quem ousará admitir que a gente da justiça pensaria em chafurdar na governança do PAÍS DA TANGA? Só gente mal intencionada

29 julho 2010

PERGUNTAS A QUE COELHO NÃO RESPONDE

Segundo o projecto de revisão constitucional do PSD, o Serviço Nacional de Saúde só será gratuito para quem revele insuficiência de meios económicos. Assim sendo, qual o nível de rendimento individual a partir do qual o acesso à saúde deve deixar de ser gratuito?
Nota
Entretanto, o Ricardo Sardo faz mais algumas perguntas.
Estará o Padrinho, na foto, a explicar-lhe a coisa?

O PAÍS DE TANGA A PAGAR COMPANHA DE LUXO?



Continuamos a assistir calmamente a uma campanha eleitoral paga com o dinheiro dos contribuintes. Tudo serve: dos parques de estacionamento subterrâneos aos calhambeques da República. Safa, um monárquico não faria melhor para fazer escárnio da República — no seu centenário. daqui