30 setembro 2010

A REPÚBLICA PORTUGUESA E O SEU DESTINO INCERTO

Cidadãos!

Depois desta noite de intensa peleja, começo por vos agradecer e vos saudar fraternalmente, em nome do Partido Republicano Português, pela vitória retumbante que alcançámos! Apesar da escuridão em que decorreu esta luta, os corações revoltosos foram sempre iluminados pela esperança da liberdade, a única luz ao fundo da caverna tenebrosa de que hoje saímos triunfalmente.
No seu interior, decorreu toda a História da nossa Nação, uma história que aliou a vontade e o valor de muitos, ao parasitismo insolente daqueles que, julgando pairar sobre a realidade humana, se entregaram a vanglórias imerecidas, na elaboração de projectos faraónicos constantes, desprezando a própria existência de um povo que, na pobreza e na ignorância, definhava aos seus pés. Foram precisos séculos para chegarmos aqui, a este dia em que nos libertamos finalmente deste regime de ignomínia, de arrogância e de tirania.
Companheiros! No reino de Portugal os valores da responsabilidade cívica, da determinação e da audácia são ensinados à plebe, mas preteridos pelos próprios chefes. De facto, há muitos outros valores a falar mais alto: o património, a imagem, o estatuto. E estes bem perduraram até hoje, mas quando confrontados com os ventos da revolta, mostraram-se frágeis e rapidamente se desmoronaram. E, de hoje em diante, não mais se erguerão dentro das nossas fronteiras!
Amigos! No reino de Portugal a Lei é de estatura baixa - daí que não alcance a varanda de um palacete, nem suba as escadas de uma abadia, nem chegue às janelas de uma casa brasonada – mas tem altura para atormentar o povo, que no labor do dia-a-dia, anda pelas ruas rasas das cidades e dos campos. Mas de hoje em diante, a Lei estará por toda a parte, vertical e não inclinada; absoluta e não relativa; instrumento de união e nunca de segregação.
No reino de Portugal, a grei é mordoma do Estado. De hoje em diante, porém, a mesma grei será Senhora absoluta, e o Estado vergar-se-á para a servir.
No reino de Portugal, todos trabalham para a ascensão de alguns. De hoje em diante, cada um esforçar-se-á para glória comum.
Estando nós,  no Potugal Republicano de hoje , entregues a um sistema político-partidário que está enformado de todas as misérias e malefícios que os republicanos de 5 de Outubro 1910 imputavam ao então Reino de Portugal, seria muito importante  fazer-se uma profunda reflexão sobre as desgraças que enfermam a República,  cem anos depois da sua implantação.  PORTUGAL e a REPÚBLICA fenecem hoje às mãos da  torpe classe política (toda sem excepção) que tomou conta disto e está a conduzir a República Portuguesa para a irrelevância como Nação e o seu povo para a indigência total.  Malditos sejam!!!

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