o frasquinho de veneno |
Confesso que foi com espanto que ouvi o ex-líder do PSD e comentador residente na TVI, Marques Mendes, referir-se a deputados do PS como “tralha socrática”.
O que diria o comentador se alguém chamasse aos que o acompanharam na liderança do PSD “tralha mendista”?.
A expressão foi retomada por quase todos os jornais, em alguns casos em título. Pode ter muita graça para os detractores do ex-primeiro ministro (que parece continuar a incomodar muita gente apesar de nunca mais ninguém o ter visto nem ouvido) mas dirigida a deputados (sejam ou não do maior partido da oposição) por alguém que já foi, ele próprio, deputado e líder de um partido, é inaceitável.
O facto revela, aliás, um sintoma preocupante: a televisão deslumbra de tal modo as pessoas que as leva a ultrapassarem patamares (até de boa educação) que normalmente não pisam, aparentemente convencidas de que com tais dislates atraem mais público.
Ora, ser comentador de televisão ou de rádio e colunista de jornais obriga ao cumprimento de regras de urbanidade, coerência e consistência nas opiniões, qualidades didácticas, distanciamento e isenção, entre outras.
Porém, com grande número de comentadores verifica-se o inverso: são, eles mesmos, parte interessada. São políticos com aspiração a outros voos, tendo como preocupação, por vezes única, defenderem os seus interesses pessoais. Daí que haja cada vez mais pessoas desiludidas com o nível intelectual e ético dos comentadores.
Num momento em que a TVI está a fazer um esforço para que a sua informação ultrapasse o tabloidismo que num passado recente caracterizou alguns dos seus espaços informativos, esperar-se-ia dos seus comentadores políticos análises menos comprometidas com os vícios desse passado.
Informação de referência não condiz com Comentário tablóide. Verdade se diga que, exageros à parte, o caso de Marques Mendes á um caso especial de falta de pudor e descaramento... Um frasquinho de veneno!
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