SÓCRATES FALOU E O MUNDO PAROU
SÓCRATES É O ÚNICO POLÍTICO PORTUGUÊS DA ACTUALIDADE
CAPAZ DE TOMAR CONTA DESTA TRAQUITANA
VOLTA DEPRESSA
CAPAZ DE TOMAR CONTA DESTA TRAQUITANA
VOLTA DEPRESSA
Portas, do alto da sua inteligência, disse que tinha lido três vezes para tentar perceber a frase. Estava abismado! À esquerda do PS e no PS que repudia Sócrates os comentários foram chocarreiros. E até Freitas, em voraz busca de novo tacho, conhecido especialista em perfídia, traição e oportunismo, achou conveniente abandonar por momentos o seu limitado raio de acção de raciocínio por alíneas e chavetas para tentar fazer humor, concluindo que, agora sim, compreendia por que razão a "bomba lhe estourou nas mãos".
E todavia Sócrates disse o óbvio. Que a dívida era para ser gerida. De facto, ninguém pensa em pagar a dívida no sentido de a liquidar, chame-se o devedor Alemanha, Estados Unidos, Grécia ou Portugal. E mesmo quando por razões de racionalidade económica algum daqueles devedores resolve antecipar o pagamento da dívida, fá-lo como simples acto de gestão da dívida, contraindo outra, a preço mais baixo, para pagar a antiga. Mas a dívida, como ónus, mantém-se e o que tem é de ser gerida.
A dívida representa, portanto, uma despesa, como qualquer outra, inscrita no orçamento, para se fazer ao longo do ano...
Até aqui, tudo certo e tudo óbvio. Então porquê o problema da dívida? O erro de Sócrates é, no fundo, o erro da zona euro. Sócrates, como toda a gente na zona euro – toda a gente salvo aqueles, raríssimos, que desde início apontaram os defeitos da “construção” da moeda única – acreditou que no maior e mais rico espaço económico do mundo nunca iriam faltar os recursos financeiros a preços comportáveis. Porventura até terá pensado, como tantos outros, actuando neste ou noutros espaços económicos igualmente ricos, a começar por Greenspan, que esses recursos financeiros não só nunca faltariam, como seriam cada vez mais baratos. Logo, a dívida continuaria a ser gerível por os recursos que anualmente lhe estão afectos continuarem dentro de uma comportável percentagem do montante global das despesas orçamentais.
Enganou-se. Enganaram-se todos, ou não fosse o homem o único animal que tropeça duas vezes na mesma pedra. E se for economista, três, quatro, as que calhar…O que Sócrates não suspeitava é que esses recursos financeiros que caíam em catadupa sobre os “carentes de capital” iriam, de um momento para o outro, tornar-se escassos, muito escassos, levando essa escassez a uma subida vertiginosa dos seus preços. E quando isso aconteceu – não interessam agora as causas: elas têm sido várias nos últimos quarenta anos, embora nunca como desta última vez – a dívida deixou de ser gerível. E foi o que se viu, melhor, o que se está a ver.daqui
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