22 novembro 2011

COM O PASSISMO OS BOYS REPRODUZEM-SE COMO RATOS

 

 

MARAJÁS


Não me impressiono com adjuntos e assessores de gabinete. Trabalhei com vários nos ominosos tempos de Guterres (1995-2002) e sei o que casa gasta. Naquele tempo, a maioria dos adjuntos e assessores era recrutada na alta administração pública, auferindo “no gabinete” o vencimento do lugar de origem. Em regra, tratava-se de gente tecnicamente bem preparada. Muitos tinham sido directores-gerais, ou equiparados, e a sua experiência era aproveitada nos andares de cima. Ponto. O delírio chegou com a presidência portuguesa do Conselho Europeu, entre Janeiro e Junho de 2000. Guterres tinha perdido o pé.
O governo de Passos Coelho conseguiu fazer pior: foi buscar a maioria desse pessoal sabe Deus onde.
Isto, depois de sustentar a sua ascenção à liderança do PSD, o chumbo do PEC IV e uma campanha eleitoral peronista... no discurso da pré-falência do Estado. Ao arrepio desses princípios, o governo de Passos Coelho nomeou, nos primeiros 40 dias, perto de 600 colaboradores, entre adjuntos, assessores e “especialistas”. Os seus nomes estão disponíveis no Diário da República e no Portal do Governo. E circulam em listas, divulgadas sob diversas formas, a partir dos sítios mais inesperados. Por exemplo, a comunidade portuguesa do Canadá tem sido muito activa: nomes, links de família, currículos, etc. Começa a ser vexatório. E não me refiro à filiação partidária. Esse é o lado para que durmo melhor.
A imprensa, outrora tão interessada em questionar a marca das cuecas dos boys da PT (uma empresa privada), está caladinha a ver se pinga. Se uma repórter do DN de quem nunca ninguém fixou o nome, consegue chegar a assessora de imprensa do ministro da Economia, auferindo por mês 5900 euros (mais ajudas de custo e subsídios de alimentação, Natal e férias), o melhor é não fazer ruído... Vem a talhe de foice recordar que a referida repórter, Maria de Lurdes Vale de sua graça,
acaba de ser nomeada para a administração do Turismo de Portugal, lugar menos volátil que o gabinete do ministro Santos Pereira. Nunca se sabe o que pode acontecer nas próximas semanas...
Depois admirem-se que haja cem polícias a fazer manifs espontâneas à porta do ministério da Administração Interna a 48 horas de uma greve geral...
[Imagem: ministro Santos Pereira e assessora, foto do Correio da Manhã.]

in da Literatura

Sem comentários: