17 maio 2011

CATROGA DE FÉRIAS FORÇADAS

O PSD “demitiu” o Dr. Catroga e enviou-o para férias forçadas. A “demissão” foi anunciada pelo próprio. Reconheço em Eduardo Catroga um simpático companheiro de geração, com uma vida empresarial de grande sucesso, confortáveis reformas, acumulando experiência pública e privada.Foi Ministro das Finanças do último governo de Cavaco Silva tendo cumprido sem relevo, mas também sem grandes críticas. Era em geral respeitado, até à trágica decisão do PSD de rejeitar o PEC 4, à qual se terá oposto inicialmente. Em poucas semanas, Eduardo Catroga passou para o centro da cena. O seu Programa não conseguiu disfarçar a deriva ultra conservadora contra o Estado. Desdobrou-se em intervenções públicas e caiu em todas as armadilhas que lhe estendeu uma comunicação social impiedosa.
Se o PS pode registar mais um argumento de peso sobre a falta de preparação do PSD, a eliminação política do Dr. Catroga empobrece os recursos que serão contados após 5 de Junho e abre a porta a soluções piores. O facto de este episódio prejudicar os meus adversários políticos não me faz rejubilar, antes reflectir.
Embora as negociações do OE 2011 tivessem sido muito difíceis, com Catroga foi possível chegar a um resultado. E as duas declarações de Portas e Passos Coelho sobre a indisponibilidade de cada um deles para um acordo pós eleitoral, com Sócrates são altamente preocupantes. Pode bem acontecer PSD e CDS não lograrem maioria absoluta e ser o PS o partido mais votado, inibido de formar governo sem um deles ou ambos. Ou ser o PSD o mais votado e não formar maioria absoluta com o CDS. E não se vê como é que o líder do partido eventual vencedor possa ser recusado por outros sem poder para tal, apenas pelo prazer do bloqueio. A Democracia não costuma ceder nem a caprichos nem a temores de derrotados.
Daí que cada vez mais confirmo a visão de que tudo será diferente após o 5 de Junho e as negativas de Coelho e Portas, de tão radicais e absurdas, serem apenas para consumo pré-eleitoral. Elas não podem, todavia deixar de ser qualificadas como uma forma de agressão aos valores democráticos. A direita, na primeira ocasião em que vislumbra ser poder, deixa escorregar o pé para a chinela. Não são bons augúrios.
____DE
António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu

Sem comentários: