20 maio 2011

CHAMÁMOS A SRª MERKEL

   «Angela Merkel diz que temos de ter menos férias e de entrar na reforma mais tarde. Apetece mandá-la bugiar, mas são os alemães que nos emprestam dinheiro para as férias com mais dias e para a reforma mais cedo. O que fazer? Polemizar ou estender a mão, a escolha é nossa. Ou se calhar nem essa, porque o estender da mão é inevitável e o assomo da polémica é mero estrebuchar de impotente. Mas vale a pena lembrar que caímos nisto, na mão estendida, porque abusámos. Sei que o bom-tom é dizer que a culpa é do Governo actual e/ou dos governos PS, PSD e CDS que nos governam há décadas - e é. Partidos e líderes imprevidentes. Mas suspeito de que eles beberam parte dessa imprevidência na pressão que lhes fizemos na base, na chantagem do votinho para termos uma vida que não devíamos porque não produzíamos para isso. Vou falar do que vivi: houve na minha profissão uma campanha pela reforma dos jornalistas aos 55 anos. Uma tolice: primeiro, porque os jornais já viviam acima das suas posses, segundo, porque nada na vida dos jornalistas justifica (como nos mineiros, por exemplo) a antecipação da reforma e, terceiro, porque essa medida, além de economicamente irreal, retirava dos jornais a mais-valia de jornalistas experientes (um jornalista, mesmo mau, melhora com a idade, tem memória). Felizmente, a medida não foi avante - mas não foi porque muitos de nós não se batessem por ela. É, fomos nós que chamámos a Sr.ª Merkel.» [DN]

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