05 maio 2011

ERMELINDA FREITAS - UMA PAIXÃO

Leonor Freitas
Leonor Freitas
Quatro gerações de mulheres fazem da Casa Ermelinda Freitas uma referência no mundo dos vinhos nacionais. Leonor Freitas, directora-geral, herdou a paixão que revela o segredo do sucesso da marca produzida em Terras do Sado.

"Durante muito tempo, estive longe de imaginar que seria este o meu destino. Até às décadas de 70/80 a relação com o mundo rural era algo ‘contraditória’. Se, por um lado, a relação com a terra era de amor, o futuro das famílias passava sempre pela cidade, mais que fosse para escapar às flutuações inerentes às estações. Assim, formei-me em Serviço Social e durante muitos anos estive ligada à Segurança Social e à Saúde. Com a morte do meu pai, era necessário optar: por parar, vender, continuar a produção ou vender uvas a outros produtores. Primeiro continuei, depois comecei a produzir vinhos próprios, depois qualifiquei a produção… E se pensei, a princípio, que poderia conciliar a vida profissional que tinha com a nova, depressa percebi que o corpo até poderia estar na cidade mas a mente, o coração e a força, esses ficavam sempre na terra, adivinhando a chuva, sentindo a saúde das vinhas, antecipando e sofrendo com a sorte do ano. Descobri assim que o meu destino passou a estar traçado no momento em que tomei a primeira decisão, insignificante que foi, sobre a vinha e o vinho.

As mulheres da minha família tiveram sempre, e por razões diversas, um papel preponderante. Primeiro, a minha bisavó que, depois de enviuvar, manteve a exploração agrícola em conjunto com os filhos. Novamente a morte, ainda mais precoce, do meu avô, deixou a minha avó, com 38 anos de idade e cinco filhos pequenos, a comandar o barco. Sendo o meu pai o filho mais velho, com uns verdes 14 anos, foi sempre o seu braço direito. Mais tarde, construíram uma adega e começaram a saga da produção de vinho na propriedade. Hoje, tudo o que fazemos não é mais que o mesmo que eles começaram. A minha avó casou-se, sem segundas núpcias, com a terra, casamento esse que a minha mãe continuou, juntando-se ao dueto.
Numa empresa, ainda familiar, existem várias formas de descrever o meu papel. Desde aquele que, muito prosaicamente, poderemos chamar de ‘apaga-fogos’ até ao de Directora-Geral, passando pelas vendas. Sou a líder de uma grande, competente e dedicada equipa, da qual fazem parte os meus filhos. Ele, mais velho e formado em engenharia informática. Ela, mais nova, com formação em gestão. Podemos dizer que, por contingências do destino ou dos modelos, a continuidade da trisavó, da bisavó, da avó e da mãe está assegurada.
Os meus dias variam consoante o momento. Alturas há em que estou dependente do pulsar da terra, como nas vindimas, onde todos os momentos são dedicados a coordenar a apanha, o transporte e processamento mas, cada vez mais, são as reuniões que tomam a maior fatia do meu tempo. De futuro só penso em consolidar, consolidar, consolidar, fazendo da Casa uma marca forte na sustentabilidade social e ambiental. Produzir algo que ajuda a ampliar a felicidade dos outros é, de longe, o melhor neste trabalho."
Em 2008, Leonor Freitas conquistou o Prémio de Inovação e Empreendorismo, concedido pelo Ministro da Agricultura. No ano seguinte, foi-lhe atribuída a Comenda de Ordem de Mérito Agrícola, pelo Presidente da República. E, em 2010, foi distinguida com a medalha municipal de Mérito Grau de Ouro pelo Munícipio de Palmela.
Uma homenagem a uma grande mulher e aos excelentes vinhos da marca "DONA ERMELINDA"da zona de Palmela.

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