17 fevereiro 2012

De amor e de sombra



- Mulher, queres ver que nos roubaram o nosso país?
De amor e de sombra
Isabel Allende
Comprar outra vez um livro que já  tivemos e que se perdeu, é como tropeçar num velho amigo. Ou melhor, reencontrar alguém que já fomos.
Nem imagino qual seria a minha surpresa se, um dia destes, acabadinho de acordar, a caminho da casa de banho, eu lançasse um olhar maquinal ao espelho e descobrisse o meu próprio rosto com vinte anos.
E, um pouco em choque pela surpresa, havia de perguntar pela voz que me pareceria vir do espelho:
- Pá! Ainda és assim?
- Assim como? - respondia eu, a fingr-me desentendido.
O jovem de espelho abriria o De amor e de sombra.
- Lembras-te das últimas frases do livro? - e, sem esperar pela resposta lia: - «Sentiam-se pequenos, sós e vulneráveis, dois navegantes desolados num mar de cumes e núvens, num silêncio lunar...» Queres que continue?
- Hum-hum.

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