16 fevereiro 2012

PUSILANIMIDADE & REDENÇÃO



Mário Soares, Simonetta Luz Afonso, Carvalho da Silva e mais 30 personalidades (entre elas o bispo D. Januário Torgal Ferreira), divulgaram um manifesto em apoio do povo grego. Inteiramente de acordo. Os signatários fazem notar o carácter pusilânime da expressão ‘nós não somos a Grécia’ — refrão do governo português.
Infelizmente, na Europa anda toda a gente a assobiar para o lado. Em Portugal nota-se mais porque enxotam a Grécia como quem enxota varejeiras.
Apesar do melindre da situação, Bruxelas adiou para o próximo dia 20 a reunião agendada para ontem que serviria para desbloquear o empréstimo de 130 mil milhões de euros. Não admira que Karolos Papoulias, Presidente da Grécia, tenha dito com firmeza: «Não aceito insultos ao meu país feitos pelo senhor Schäuble. Não aceito isso como grego. Quem é o senhor Schäuble para ridicularizar a Grécia? Quem são os holandeses? Quem são os finlandeses? Teremos sempre orgulho em defender não apenas a nossa liberdade, não apenas a liberdade do nosso país, mas a liberdade de toda a Europa.» Nem mais.
Faz-me muita confusão que um homem como Mario Monti ainda não tenha ido a Atenas marcar posição.
Uma vez que os governantes europeus se demitiram das suas responsabilidades, gostava de ver Mário Soares — um homem que a Europa conhece e respeita — repetir o gesto de Kennedy em Berlim, defronte do Muro, em 26 de Junho de 1963: Ich bin ein Berliner. Soares tem gravitas para o fazer. Não abria os cordões à bolsa do gang Merkozy, mas ajudava a resgatar a honra perdida de Atenas.
[A foto de Simela Pantzartzi mostra o presidente grego, Karolos Papoulias, ontem, rodeado de militares. Péssimo agouro! Se o pior acontecer, terá sido Bruxelas a premir o gatilho.]

in da literatura

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