
Helena Roseta desfiliou-se do PS, passado que foi algum tempo após o envio de uma carta ao Secretário Geral, sem obter resposta, carta em que generosamente ofereceria os seus préstimos para encabeçar uma candidatura à presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
Andou mal o Secretário Geral em não dar resposta à sra arquitecta, ainda que fosse para a mandar bugiar... ou então para agradecer tão desprendida e humilde disponibilidade!! Serão também especulações maldosas afirmar-se que esta iniciativa epistolar pretendia alcançar exactamente este desfecho por forma a retirar algum odioso de mais uma iniciativa contra o PS oriundo da área do grupo de Manuel Alegre (o tal que, não conseguindo ganhar a liderança do partido, parece mover-lhe guerra sem quartel).
A arquitecta Roseta, a sempre disponível operacional de Alegre, é uma personalidade muito curiosa com um percurso político ziguezagueante. Em tempos remotos, pós 25 de Abril, aí pelo ano de 1976, era então a "passionária" do PPD, foi enviada a uma certa ilha dos Açores para ajudar o Cónego Oliveira a combater o PS local que ameaçava impedir a hegemonia do PPD. Convocadas as gentes para ouvir a grande atracção, a mulher disse do PS o que Maomé nunca diria do toucinho, rematando com o slogan que depois seria repetido até à exaustão: "os socialistas são primos filhos de irmãos dos comunistas" e votar nos primos é o mesmo que votar nos comunistas... Naquele meio conservador onde quase toda a gente é proprietária, teve uma eficácia terrível e o PS apanhou uma banhada! O medo dos comunistas era aterrador (eles tiram as terras de cada um... diziam).
Curiosamente, anos mais tarde, quer o Cónego Oliveira (já sem batina), quer a passionária do PPD aderiram ao PS. Do primeiro nunca mais se ouviu falar e a Roseta era, agora, já uma espécie de quinta coluna na casa do anterior inimigo de estimação... O PS tem uma histórica tendência para servir de sanatório a dissidentes políticos, esquecendo que o transfuga é um potencial e incurável oportunista.