14 maio 2010

LEMBRAR O PADRE BRASILEIRO LEONARDO BOFF

l Em tempos de visita papal, nada mais oportuno do que recordar o “silêncio obsequioso” que Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, impôs a Leonardo Boff, sacerdote brasileiro empenhado na teologia da libertação. Empenhado, sobretudo, no combate com as desigualdades, a miséria, a iniquidade de um capitalismo que tudo devora e tritura.
Nada de mais oportuno do que homenagear Boff e todos os que com ele continuam a lutar por um mundo melhor.
Mas não foi apenas o silêncio imposto a Boff pelo Prefeito que escondeu a pedofilia, honrando, aliás, a antiquíssima tradição católica da hipocrisia. Ratzinger também retirou ao teólogo a Cátedra no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis. Felizmente, o tempo das fogueiras já tinha acabado…
Ratzinger foi, aliás, um digno herdeiro das mais profundas e arreigadas tradições da congregação a que presidiu que, noutros tempos, era conhecida por Santo Ofício ou, simplesmente, por Inquisição. A mesma organização que, nos tempos em que o “silêncio obsequioso” era apenas para os muito pequenos deslizes, resolvia tudo o resto com fogo purificador.
Bem sei que passaram muitos anos, mas os tiques continuam lá e Ratzinger ampliou-os…
Este é o Papa que se passeou pela Avenida da (nossa) Liberdade. daqui

CLARO QUE MANUEL ALEGRE NÃO DESERTOU


«No seu site, ontem: "Manuel Alegre Melo Duarte cumpriu o serviço militar, nomeadamente em África e em situações de combate." Alegre, de quem se dizia que foi um desertor, teve de vir dizer que não o foi, esteve em Angola, em situações de combate, foi preso e mandado regressar a Portugal - de onde, na iminência de ser preso pela PIDE, exilou-se, em 1964. Parecerá uma declaração insólita mas as calúnias que há para aí (o para aí são as caixas de comentários que a Internet permite) obrigaram Alegre a fazê-la. Calúnia batida: ele teria pisado a bandeira portuguesa. Ora Alegre já respondeu a isso e há muito: os seus poemas dos anos 60 são de um homem que amava o seu país. Mas de que vale a palavra contra a insídia? Alegre foi obrigado a vir dizer que não foi um desertor. Eu, que desertei em 1969 e voltaria a fazê-lo se me obrigassem a participar na guerra colonial do lado que não era o meu, sei que ele não foi um desertor (e, já agora, eu também não, mas isso não interessa). Ele não desertou porque teve opinião, por a ter foi preso e teve de se exilar - e não me apetece ter de explicar que ir para o exílio não era o caminho mais fácil. Desertores, nos anos 60, foram os que calaram. Eu, como não sou candidato a nada, estou-me borrifando para as caixas de comentários. » [DNporF.Fernandes]

13 maio 2010

OU COMEM TODOS OU NÃO HÁ MORAL


Há quem tenha uma estranha fixação nos trabalhadores da Função Pública: «Para já, uma coisa é certa: os funcionários públicos portugueses são os únicos cidadãos europeus que estão autorizados a viver numa bolha fictícia, fora da realidade e à margem da crise que varre o país e a Europa.diz um fulaninho no EXPRESSO» Digo trabalhadores porque os agentes (os que não têm vínculo e são pagos a recibo verde), não sendo funcionários, são pagos pelo Estado. Dando como exemplo a Irlanda e a Espanha, e podia ter acrescentado a Grécia, entendem esses que os vencimentos dos trabalhadores da Função Pública deviam sofrer cortes. Mas porquê? Que sentido faria, em 4,5 milhões de portugueses (a população activa), pôr 700 mil a pagar a crise? O sector privado ficaria isento em nome de quê? Mal por mal, o imposto extraordinário, de carácter universal, que se prevê para hoje, terá o mérito de tratar todos por igual.

O COELHO A FUGIR COM O RABO À SERINGA

Passos Coelho pede desculpa por apoiar medidas de austeridade

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, pediu esta quinta-feira «desculpa aos portugueses» por ter dado o aval ao pacote de medidas de austeridade hoje aprovadas pelo Governo em Conselho de Ministros. Numa conferência de imprensa, Passos Coelho considerou que o pacote aprovado «representa um conjunto de medidas duras para os portugueses e o País».Segundo o líder social-democrata, a Europa «tem vivido uma situação difícil», tendo mesmo chegado a «temer-se pelo euro». «Várias economias, nomeadamente as do Sul e certamente a de Portugal, demonstraram-se demasiado frágeis», acrescentou. Com tantas preocupações com os portugueses por que razão Coelho não exigiu a Sócrates a distribuição de umas bisnasgazitas de vaselina aos portugueses para facilitar a coisa? Pedir desculpas é estar de alguma forma a fugir com o rabo à seringa.

ESPANHA - ZAPATERO EM ACÇÃO

A VISITA DO PAPA À FAMÍLIA CAVACO

A subserviência de Cavaco perante Bento XVI está a reeditar a "Nação Fidelíssima". Mais: está a tornar-se num embaraço para a Igreja Católica, que gostaria de ver o Papa rodeado de crentes — e não marcado, a par e passo, quais carraças, por apoiantes de Cavaco, a família, o gato e o cão a reboque, quase parecendo querer deixar passar a mensagem de que o Papa se deslocou a Portugal para glorificar e estar com Cavaco Silva e os seus. Para além da parolice subjacente é um oportunismo indecente do candidato à reeleição de P.R. Há aqui fortes razões para os portugueses ponderarem maduramente sobre a personalidade que deve colocar em Belém. Excluindo este - qualquer outro será muito melhor.
No ocaso da vida, nunca pensei que Portugal pudesse alguma vez ter como seu representante máximo alguém intelectualmente muito inferior a Américo Tomaz. É o caso em apreço!

AS LÁGRIMAS DE CROCODILO DE MANUEL ALEGRE

Manuel Alegre sobre declarações de Cavaco Silva:
"Não é curial afirmar confiança no ministro das Finanças e omitir o primeiro ministro"
O candidato presidencial Manuel Alegre critica Cavaco Silva por este ter dito que tem confiança em Teixeira dos Santos, argumentando que "não é muito curial que o Presidente afirme uma confiança expressa no ministro das Finanças e omita o primeiro ministro".
Manuel Alegre "estranha" a declaração de Cavaco Silva e diz mesmo que "essa omissão não pode deixar de ter uma leitura política".
Tendo alguma razão, Manuel Alegre chegou tarde com seus propósitos de defender o primeiro ministro. Quando se mancomunou com o Bloco de Esquerda para combater o Governo e prejudicar eleitoralmente o partido, contribuindo para o crescimento que o então grupelho hoje exibe, em prejuízo do PS e da sua maioria parlamentar, quem é que Manuel alegremente prejudicou? Nós dizemos-lhe : o Partido, o primeiro ministro e... o País que tem andado em bolandas desde essa abjecta traição, que deu origem à espúria coligação dessa coisa chamada B.E. com um desnaturado PSD para destruírem o primeiro ministro... por quem Alegre hoje chora lágrimas de crocodilo. Votos em Alegre? Nem morto como diz o outro...

12 maio 2010

O EXPRESSO MUITO COMEDIDO...

O Expresso coloca este título para a notícia do dia acerca da economia: Portugal cresce 1% nos primeiros três meses. O JN utiliza este: Economia nacional com o maior crescimento da UE
Quais as razões do Expresso para esconder as boas notícias? Ou, se quiserem ser pessimistas, as notícias menos más? A economia em Portugal cresceu mais do que o previsto, registando o maior crescimento da UE. Ponto final. Mais tarde virão outras notícias e, certamente, algumas serão más notícias. Nem é preciso ser adivinho ou economista, mas cada notícia no seu galho ...

CLAUDIA SCHIFFER

Claudia Schiffer, 39 anos, a ex-manequim alemã que ascendeu nos anos 90 ao estatuto de top-model, deixou-se fotografar grávida pelo estilista Karl Lagerfeld, para a revista Vogue, numa imagem claramente alusiva à fotografia que Annie Leibowitz tirou à actriz Demi Moore, quando esta estava grávida de sete meses da segunda filha, corria o ano 1991.
Uma singela homenagem a esta pose da bela fêmea!...

DECLINAÇÃO NO FEMININO

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11 maio 2010

A SIMPLICIDADE DA FAMÍLIA REAL

Outros não o fariam. A começar pelos governantes de todos os quadrantes. Mas o Senhor D. Duarte e a sua Família são pessoas simples. De trato e de hábitos. A eles não lhes repugna estar no meio do Povo. As fotos, de autoria do deputado José Ribeiro e Castro, esta manhã em plena Av. da República em Lisboa são bem elucidativas. A Família Real estava, como o demais Povo, atrás das grades. A ver passar o Papa. Uma lição para aqueles para quem gestos deste tipo são impossíveis. No fundo, e como sempre, o Rei com o seu Povo!

DAR À TRAMELA: REVELADO O SEGREDO DA ETERNA JUVENTUDE?

DAR À TRAMELA: REVELADO O SEGREDO DA ETERNA JUVENTUDE?

REVELADO O SEGREDO DA ETERNA JUVENTUDE?

Brooke Greenberg pesa 7 quilos e mede 76 centímetros - o normal para uma criança de um ano. Porém, nasceu em 1993. Um grupo de cientistas descobriu-a em Baltimore, nos EUA, e acredita que terá ficado "congelada no tempo" devido a um genoma que retarda o processo de envelhecimento. "Pensamos que o caso de Brooke representa uma oportunidade única para compreender o processo", afirmou Richard Walker, professor da Universidade do Sul da Florida, líder da investigação que pode levar a uma descoberta sem precedentes: o segredo da eterna juventude. "Comparando o genoma de Brooke com o de uma jovem de 17 anos normal, poderemos talvez encontrar os genes que tomaram um caminho diferente, estudar como o fizeram e aprender a controlá-los", explica.A família de Brooke, em especial Howard Greenberg, pai da criança - que insistiu no estudo que pode vir a ajudar muitas pessoas - está a colaborar com a investigação. "Brooke é uma criança maravilhosa. É muito pura e ainda balbucia como um bebé de seis meses, mas quando comunica sabemos sempre o que quer", conta o pai.O estudo será debatido na Royal Society, em Londres, esta semana, num encontro em que estarão os mais importantes cientistas na área de investigação do envelhecimento humano. "Brooke pode dar-nos uma oportunidade única: seremos por fim capazes de responder à pergunta 'porque somos mortais?'", conclui Richard Walker. no i

10 maio 2010

ALEGRE NÃO CONSEGUIU NOS AÇORES FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS

Alegre, em Ponta Delgada, apresentou-se, de forma previsível. Apesar do entusiástico apoio dos seus apaniguados locais não parece mostrar exército para chegar ao Mindelo. Nem sequer rota certa para rumar até à Invicta. Claro que nunca desembarcará no cais de Belém, com fanfarra à espera. E, quanto a nós, deveria optar pelo cais das Colunas, como o outro Passos, o Manuel. Mas já não há embarcações que venham lá de cima...
Quer dizer que a vida não está fácil para o candidato poeta. Mesmo que alguns apoiantes retintamente republicanos tentem, com argumentário anti-monárquico, liquidar um outro candidato, Nobre de nome ainda por cima, não devem esses militantes alegristas esquecer que Alegre já revelou também a sua costela monárquica quando apresentou, não faz assim tanto tempo, um livro de tributo ao duque de Bragança... Aliás Manuel Alegre é homem de contradições e nunca revelou grande arte para fazer política e quando quer dar o salto para atingir algo (estamos a lembrar-nos da tentativa de liderar o partido...e a argolada de se aliar a essa coisa informe chamada Bloco qualquer coisa contra o PS) revela sempre perna curta e deixa invariavelmente estragos pelo caminho... Até aquele "milhão" de votos de que tanto se vangloria foram ganhos a abrir feridas na família politica que o acolheu... vindo do PCP.
Quer dizer que Cavaco Silva tem a reeleição garantida e bem poderia, em tempos de crise, conter os gastos do nosso erário com operações de campanha, com esses... arroteios e outros ruídos desagradáveis, pois que, para além do mais, dão oportunidade para Sª.Exª nos torturar com os seus sempre desinteressantes e maçadores discursos.




09 maio 2010

ANGELA SOCRÁTICA

A senhora Ângela Merkel não acredita na bondade das agências de rating e propõe a criação de uma agência europeia e uma regulação mais estreita sobre a especulação nos mercados financeiros; a senhora Ângela Merkel é, também, de opinião que a aplicação do PEC português será suficiente para evitar a situação em que a Grécia se encontra. Não tarda muito a senhora Ângela Merkel dirá que, em Portugal, com um investimento público diminuto, o crescimento económico será negativo e isso colocará em causa os objectivos a alcançar com PEC. A senhora Ângela Merkel só diz o que diz porque não lê os nossos comentadores políticos, sobretudo aqueles que politicamente a admiram. Mas tem a desvantagem de ter de pagar uma grande parte da factura se se enganar, o que não acontece com os nossos arautos da falência.

CAÇA AOS GAMBUZINOS DE M.F.LEITE

O CHEFE DA ESQUADRA
Os caçadores de gambuzinos

O TGV E O PSD


"Gostava que o Pedro [Passos Coelho] esclarecesse agora qual é sua a posição" sobre o TGV porque "já esteve contra, já esteve a favor, agora creio que é mais ou menos a favor ou contra".
Aguiar-Branco
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No momento em que Cavaco promulga o diploma sobre a concessão do troço Poceirão-Caia, alguém sabe qual é a posição actual do PSD?

posições de Passos Coelho relativamente ao TGV:
Ao Diário Económico de 15 de Maio de 2008, defendia o TGV sem reticências: “Nos novos investimentos públicos dois têm que ser feitos: o novo aeroporto internacional e a ligação em TGV à rede europeia de alta velocidade em Madrid.
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”Em 18 de Janeiro de 2009, à TSF, sustentava que o TGV não deveria ser esquecido, mas que seria adequado adiá-lo: “Acho que o TGV não é um projecto para abandonar, porque é estratégico para Portugal, agora manifestamente não temos condições este ano e para o ano para avançar”
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Três dias depois, a 21 de Janeiro de 2009, o DN, através da pena insuspeita do FAL, surge uma nova posição: «Em vez de riscar ou de cortar "imediatamente o TGV", como defendeu há dias a líder do PSD, Pedro Passos Coelho tem outras ideias para a alta velocidade. Ontem, no encerramento da quarta conferência da revista inglesa The Economist em Portugal, que decorreu à porta fechada num hotel de Lisboa, o ex-candidato à liderança do PSD deixou a sugestão: "Quanto ao projecto do TGV deve ser-lhe agregado um cluster para a velocidade, criando a possibilidade de se fazer uma parte da produção em Portugal."
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»Quase um ano depois, a 6 de Dezembro de 2009, numa entrevista ao Jornal de Notícias, quer aplicar as verbas destinadas ao TGV noutros projectos (não explicitados): “Nas medidas pela negativa, importa impedir tão rápido quanto possível que Portugal continue a endividar-se a este ritmo. É decisivo não avançar com a construção do TGV na ligação de Lisboa a Madrid para encontrar alguma folga para que as verbas destinadas a ser drenadas nesse projecto, com o qual nos comprometemos internacionalmente, possam ser aplicadas de outra forma na economia.”
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Estas citações resultam de uma breve pesquisa na Net, não se assegurando que contemplem todas as sucessivas mudanças de posição de Passos Coelho relativamente ao TGV
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Razão terá tido Aguiar-Branco quando disse, referindo-se ao novo líder do PSD, que “a mudança foi a alta velocidade nesta posição", dizendo que primeiro havia apontado o TGV como “um projecto estratégico”, depois defendera que era “decisivo não avançar com a construção do TGV na ligação Lisboa-Madrid” e no seu livro "Mudar" voltou a dizer que esta deve ser feita.
Para começar não está nada mau

DE CRESPO A MOURA GUEDES

O quinteto de benfeitores

O poder da informação nos canais de televisão em Portugal é sempre um tema actual. Mas nem sempre o que parece é...
Uma parte da informação televisiva que se tem produzido em Portugal, nos últimos anos, oscila entre dois extremos que só aparentemente são opostos: o da obsequiosidade gelatinosa e o da agressividade espalhafatosa. Ambos os estilos pseudo-informativos convergem na violação qualificada de dois dos principais deveres deontológicos dos jornalistas, que são os deveres de objectividade e de isenção. Ambos consubstanciam um jornalismo parcial, cuja principal característica consiste em enaltecer artificialmente certos lados da realidade e/ou em desqualificar ou omitir outros.
Os expoentes mais visíveis desse tipo de jornalismo são Mário Crespo, na SIC-Notícias e Manuela Moura Guedes, na TVI. Os dois jornalistas prosseguem, há anos, implacáveis cruzadas contra certas pessoas, embora utilizando métodos diferentes mas que, na verdade, concretizam a mesma degenerescência deontológica: a parcialidade da informação. Mesmo quando aparentam alguma objectividade, um e outro acabam por só revelar uma parte da verdade ou então apenas a verdade de uma das partes.
A deliquescência voluptuosa com que Mário Crespo põe certas pessoas a agredir moralmente terceiros de quem não gosta só aparentemente contrasta com os insultos que Manuela Moura Guedes dirige, ela própria, àqueles que detesta. Em termos de deontologia jornalística não há diferença entre os dois métodos. A obsequiosidade de Mário Crespo revela, afinal, a mesma parcialidade que a agressividade de Manuela Moura Guedes. Se a jornalista da TVI se apresentava em muitos aspectos como uma emanação reciclada do velho estilo Palma Cavalão, o pivot da SIC-Notícias não passa de um comentador travestido de jornalista, que faz por interpostas pessoas o que aquela fazia pessoalmente. Os dois actuam quase sempre segundo agendas próprias de interesses, sobretudo políticos, que tentam ocultar atrás do biombo da informação: num caso, o Jornal da Noite da TVI, e, no outro, Jornal das Nove da SIC-Notícias.
Mas vejamos algumas pérolas desses estilos: em Abril de 2009, fui convidado para ser entrevistado por Manuela Moura Guedes no Jornal da Noite. Era uma armadilha montada em conluio com alguns dos meus opositores dentro da Ordem dos Advogados. De boa fé, aceitei o convite e fui insultado em directo. O episódio é bem conhecido e não vale a pena acrescentar mais pormenores. Basta apenas referir que, apesar de tudo, tive oportunidade de lhe responder e de lhe dizer cara a cara o quanto ela violava o Código Deontológico dos jornalistas.
Pouco tempo depois, em 19 de Maio seguinte, na SIC-Notícias, fui alvo de agressões ainda maiores, não por qualquer jornalista da estação, mas sim por entrevistados cuidadosamente seleccionados. A propósito do Dia do Advogado, a SIC-Notícias convidou sucessivamente para os principais programas de informação dessa noite dois dos meus mais destacados opositores na Ordem dos Advogados. Sem qualquer hipótese de defesa, fui moralmente seviciado, em directo, por ambos os adversários, sobretudo pelo convidado de Mário Crespo, sem que nunca me tivesse sido dada qualquer possibilidade de rebater as pérfidas acusações de que fui vítima.
Mas os exemplos não ficam por aqui. Nas anteriores eleições para o Ordem dos Advogados, havia quatro candidatos a Bastonário: Menezes Leitão, Magalhães e Silva, Garcia Pereira e eu próprio. Pois Mário Crespo conseguiu esta notável proeza de «imparcialidade»: entrevistou duas vezes o candidato Magalhães e Silva e não entrevistou nenhuma vez qualquer um dos outros candidatos.
Ainda mais um exemplo que ilustra bem como em jornalismo algumas mentiras são feitas de silêncios. Posteriormente, Mário Crespo convidou um advogado para o seu programa (por sinal um dos dois que estivera na SIC-N no Dia do Advogado) a quem, a dada altura, pergunta candidamente se concordava com a existência de sindicatos nas magistraturas. O entrevistado responde, ainda mais candidamente, que sim, porque os magistrados também seriam trabalhadores. Mas o que ambos omitiram é que o entrevistado era, simplesmente, o advogado de um dos sindicatos de magistrados, de quem, obviamente, a última coisa que se esperaria era que defendesse a não existência de um cliente seu.
Este é, pois, o cintilar de algumas das mais refulgentes vedetas de alguns dos mais esplendorosos programas de informação televisiva em Portugal. Um jornalismo não de referência, como pretende certa propaganda, mas um jornalismo notoriamente de reverência para com certos interesses ou pessoas.



O DIREITO A NÃO SER POBRE


Fundações portuguesas, reunidas no Porto, defendem que o problema se combate com estratégias de longo prazo".
O "direito a não ser pobre" deve ser integrado na Constituição Portuguesa. A sugestão partiu de Rogério Roque Amaro, do ISCTE, um dos participantes do XI Encontro Nacional de Fundações, que discutiu o problema da inclusão social e a melhor forma do seu combate no actual contexto de crise económica.
Nas conclusões do encontro, que terminou ontem na Fundação Eng. António de Almeida, no Porto, os participantes consideram que é necessário dedicar "tempo à luta contra a pobreza e à exclusão social, através de "estratégias de longo prazo, no mínimo de cinco anos". E lembram, por outro lado, que estes fenómenos "não se restringem a questões de distribuição de rendimentos".
Para o presidente do Centro Português de Fundações
, Emílio Rui Vilar, a erradicação da pobreza é uma "utopia", que comparou à abolição da escravatura: uma utopia "que se tornou realidade". Na União Europeia, referiu Rui Vilar, quase 80 milhões de pessoas, "ou seja, 16 por cento da sua população total", vivem no limiar da pobreza. "Destes, cerca de 19 milhões são crianças."