19 novembro 2011

Enishie by Seigen Ono

PORTAS QUE O BPN ABRIA

 



Parte considerável do processo Face Oculta assenta em corrupção política e tráfico de influências. É desses crimes que os arguidos mais mediáticos do processo são acusados. Entre todos, dois: José Penedos, antigo presidente da REN, deputado e secretário de Estado da Defesa, da Energia e da Indústria; e o seu filho José, advogado, que já disse em tribunal ter usado abusivamente o nome do pai.
Numa altura em que o Ministério Público anda tão preocupado com corrupção política e tráfico de influências (ainda bem), causa enorme perplexidade o aparente desinteresse dos senhores procuradores face às declarações de Abdool Vakil, antigo presidente do Banco Efisa, sobre Miguel Relvas, actual ministro da Propaganda. Disse Vakil: «O dr. Miguel Relvas nunca trabalhou com o Efisa, mas prestou serviços muito úteis, pois abriu-nos portas no Brasil. [...] Ele tinha muitos conhecimentos no Brasil e que eram importantes para quem quer fazer negócio e abriu-nos portas.» Um desses conhecimentos era José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil do presidente Lula da Silva, cargo de que foi afastado em consequência do escândalo do Mensalão. Tudo isto se passou antes da nacionalização do BPN (a cujo grupo o Efisa pertencia), quando Miguel Relvas, na qualidade de deputado do PSD, chefiava a comissão parlamentar de Obras Públicas.
Hoje, o Público (a imagem ao alto é do jornal) conta-lhe parte desta história mirabolante.

O MINISTRO DA ROPAGANDA NÃO SE CONTÉM?

Rapinado aqui à Shyznogud

Poul Thomsen,      chefe da missão do FMI, deu hoje uma entrevista ao Expresso, na qual garante o seguinte:

    A troika definemetas orçamentais”, mas “o Governo pode atingi-las de diferentes formas, pelo que mais uma vez se comprova que é falsa a declaração do ministro da propaganda de que o memorando impõe que a consolidação se faça obrigatoriamente em 2/3 pelo lado da despesa (para assim justificar o corte dos subsídios de férias e de Natal aos pensionistas e funcionários públicos); • Há folgas (embora não “significativas”) no Orçamento do Estado, como o PS vem sustentando.
Como já aqui se mostrou, o ministro da propaganda...  mente!

DÊPÊCHE TOI!

O português, quando é falado, não parece corrigido por alguém que tenha a nossa língua como língua materna, embora haja agradecimentos a quem ajudou nesse aspecto linguístico. Curiosamente, isso dá um realismos acrescido às situações, porque sugere que o português foi apanhado apenas pela sonoridade, pelo ouvido de alguém que sabe ouvir mas não conhece a língua, o que resulta na criação de um clima muito específico.

ambém pelo que acabou de ser mencionado, estou curioso para ver como vai este álbum ser traduzido para português. O que, indiscutivelmente, tem de acontecer. Até lá, desculpem os demais, mas esta pérola está reservada para quem seja capaz de ler francês.

Algumas pranchas deste álbum podem ser encontradas
aqui. Não desanimem por verem, de início, poucas imagens. Lá mais para a frente há páginas completas disponíveis.

Aqui podem ler
uma entrevista com Pedrosa.

A MINISTRA...

RECEITAS PSD

Descoberta a   fórmula  para o desemprego jovem do PSD 

"Quem entende que tem condições para encontrar [oportunidades] fora do seu país, num prazo mais ou menos curto, sempre com a perspectiva de poder voltar, mas que pode fortalecer a sua formação, pode conhecer outras realidades culturais, [isso] é extraordinariamente positivo", afirmou. "Também nesta matéria é importante que se tenha uma visão cosmopolita do mundo", adiantou   Relvas..

NA EUROPA ATÉ O SONHO JÁ ESTARÁ EM CRISE...

PROTETORADOS


Imagens como esta começam a vulgarizar-se. Chegou a vez de Cameron ir a Berlim apanhar no rabo. Papademos e Monti estão dispensados do exercício porque a Grécia e a Itália estão, de facto, reduzidas à condição de proterorados da Firma. Portugal não merece a despesa da deslocação: tem capataz designado para, in loco, monitorizar o país. (Como demonstra o Expresso, que dá honras de 1.ª página aos recados do sr Poul Thomsen.) A convocação de Cameron é assaz reveladora. O governo britânico anda há semanas a preparar um plano que minimize os efeitos colaterais que o colapso do euro terá sobre a libra. Exactamente como a Alemanha, cujo banco central precisa de tempo para blindar-se antes do colapso. No dia em que o Deutsch Bundesbank tiver chegado a uma solução razoável (razoável do ponto de vista dos interesses da Alemanha), Merkel dirá, sem ambiguidade, que o recreio acabou. Até lá não convém dar nas vistas. Por isso Cameron foi levado pela trela. Por isso o Spiegel não hesita em tratar o Reino Unido como Krankes Empire, o Império doente...
A ver vamos se o mesmo sucede com Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês. Rutte foi muito claro: se, a muito breve prazo, a zona euro não for reduzida a dez países (ao invés dos actuais dezassete), a Holanda tem de preparar-se para o fim da moeda única. Tem mesmo uma comissão parlamentar a tratar do assunto

UM COELHO QUE ANDA À CAÇA

Pedro Adão e Silva, Ir para além da Merkel:
    ‘Movido por voluntarismo ideológico, o Governo anunciou que iria além da troika. Nos próximos anos, o aprofundar da recessão encarregar-se-á de demonstrar a dimensão do erro. Entretanto, como se não bastasse, o primeiro-ministro resolveu expor a sua doutrina sobre o papel que o BCE deveria desempenhar na resolução da crise. Para Passos Coelho, o BCE deve limitar-se a fazer o que tem feito, ou seja, praticamente nada, permitindo, pelo caminho, que a espiral contagiosa da crise da dívida soberana se tornasse imparável. A alternativa – transformar-se num verdadeiro banco central e funcionar como financiador de último recurso – seria, para o primeiro-ministro português, dar “um péssimo sinal aos países indisciplinados”. Fica claro: depois de ir para além da troika, Passos Coelho optou por ir além da senhora Merkel e da visão alemã sobre a natureza moral da crise. A posição do primeiro-ministro representa uma divergência estratégica com o Presidente da República, que tem insistido na posição contrária. Mas, convenhamos, a discordância entre as duas principais figuras do Estado está longe de ser o aspeto mais inquietante. O que é preocupante é termos um primeiro-ministro com uma posição que não defende o interesse nacional, nega o carácter sistémico da crise da zona euro e insiste na sua natureza moral (“uns indisciplinados estes povos do sul”), enquanto se opõe às alterações necessárias na arquitectura do euro. É assustador descobrir que Passos Coelho está convencido que é possível solucionar o problema português com ajustamentos austeros não acompanhados por uma intervenção radicalmente diferente do BCE e uma política orçamental expansionista nos países com excedentes na balança de transacções correntes. Prosseguir neste caminho é insistir no pré-anúncio do fim do euro.’

DIVAGANO

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© Calendário LAVAZZA 2012, Miles Aldridge, Março.
O rosto icónico do Calendário 2012, e de todo o projecto ligado à celebração do vigésimo aniversário, é o de Valerie van der Graaf, uma modelo holandesa de 20 anos, protagonista das fotografias de Ellen von Unwerth, e que surgirá na capa a apagar as velas.
"Foi incrível trabalhar com estes grandes talentos, captar a relação entre as suas personalidades e o café em cada fotografia. Foi quase como um regresso a casa, ou melhor, uma nova interpretação do lema 'Espress Yourself', tão querido da Lavazza", sublinhou Michele Mariani, Director Criativo da agência Armando Testa.
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© Calendário LAVAZZA 2012, Marino Parisotto, Abril.
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© Calendário LAVAZZA 2012, Eugenio Recuenco,


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2011/11/calendario_lavazza_2012_12_fotografos_a_frente_da_camara.html#ixzz1eAhnzaff

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  paciência, além de uma virtude, é responsável por verdadeiras obras de arte: imagem de uma grande sensibilidade estética, que “despertam emoções”, tal como Ben pretende. Um olhar mais demorado sobre a importância de uma relação de harmonia entre homem e natureza, sem recurso a qualquer manipulação digital. Considerado um dos melhores fotógrafos de Inglaterra, Ben já recebeu diversos prémios internacionais e a sua exposição em Manchester teve milhares de visitantes durante o ano que decorreu. Os seus trabalhos podem ser vistos frequentemente em publicações como por exemplo a BBC-Wildlife, “Birds Illustrated”,”Living Edge” ou “Birding” (Estados Unidos).

NUDEZ DE MULTIDÕES

Spencer Tunick nu nudez multidao

Desde 1992 que Spencer Tunick documenta a nudez de multidões. As suas instalações consistem de dezenas ou mesmo centenas de figurantes voluntários que posam em locais públicos; sendo as fotografias um documentário do evento em si.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2008/07/spencer_tunick.html#ixzz1eAc5nIQx

MARYLIN MONROE

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Em três dias e três noites, o fotógrafo nova-iorquino Bert Stern tirou mais de duas mil fotografias à diva do cinema, Marylin Monroe. Numa suite, num hotel de luxo em Los Angeles, a actriz cedeu-lhe o privilégio de ser o último para quem pousava. Seis semanas depois era encontrada sem vida e estas imagens, captadas há quase cinquenta anos, continuam a dar a volta ao mundo em inúmeras exposições.
A suite 261 do Hotel Bel-Air, em Los Angeles, e três garrafas de champanhe Dom Pérignon de 1953 foram as duas exigências que a estrela de cinema Marylin Monroe impôs a Bert Stern para se deixar fotografar.
Mal imaginava o nova-iorquino que ao aceitar estas condições estaria não só frente-a-frente com a mulher que tanto ambicionava conhecer, como seria o último a fotografá-la. Em 1962 e com apenas 36 anos de idade, Norma Jean Baker( o seu verdadeiro nome) já tinha deixado de lado a imagem que conquistara tantos admiradores.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2011/06/a_ultima_sessao_fotografica_de_marilyn_monroe.html#ixzz1eAVOuE12

A BELA RUSSA DO ANTIGO IMPÉRIO

FRANCISCO ASSIS

Francisco Assis, É preciso restabelecer o primado da política [hoje no Público]:

    ‘A segunda questão é igualmente relevante - estes países preparam-se para acolher Governos de perfil tecnocrático, dirigidos por personalidades de inegável competência económica, mas desprovidas de percurso político. Por detrás destas soluções perpassa a ideia de que perante a crise haverá que apelar a uma racionalidade técnico-científica doutrinariamente incolor e politicamente neutra. Um Governo, ainda que efémero, de unidade nacional, ou um gabinete constituído preferencialmente por personalidades técnicas apontam para o esvaziamento da política institucional enquanto lugar do confronto, da divergência e do debate. A neutralização da instância política torna as escolhas inúteis e reduz a cidadania a um estado menor em que a própria participação nos actos eleitorais adquire um estatuto de simples registo notarial destituído de grande interesse. Isso conduz fatalmente a um estado de anomia institucional com consequências devastadoras para a vida democrática. Abre, desde logo, as portas a manifestações de contestação de natureza extraparlamentar. Se as pessoas forem levadas a pensar que os Governos e os Parlamentos se limitam a reproduzir e satisfazer as exigências dos mercados financeiros e das grandes potências centrais, serão levados a transferir o palco da disputa política para as ruas, proporcionando a afirmação de grupos e discursos radicais, que se esgotam na pura contestação. A razão crítica perderá perante a emoção apelativa, o projecto sucumbirá diante do protesto. O vazio da política nas suas expressões institucionais deixar-nos-á entregues ao confronto entre os mercados e os diktat das grandes potências, por um lado, e a irracionalidade cega mas genuína das ruas, do outro.’

BOA PERGUNTA

Marina Costa Lobo, A União Europeia ainda existe?:

    '(...) Aseveridade da política de austeridade a que UE obriga é contrária ao espírito fundador da mesma. Para lá de todos os belos discursos sobre a bondade do Projecto Europeu, este foi criado com base na promessa da convergência de todos os países daquilo que é um dos marcos mais fortes da identidade europeia: o bem-estar social. Em Portugal, a aprovação integral deste orçamento de Estado para 2012 vai ditar o fim definitivo dessa narrativa, tal como já aconteceu na Grécia, e terá talvez que acontecer nos restantes países da Europa do Sul. Com um Estado na bancarrota, sem transportes públicos de qualidade, sem Educação e sem Saúde, o que restará de Europeu em Portugal?'

As alturas de crise são também alturas para os pais reflectirem sobre o que dão às crianças e voltar a dar fruta em estado natural, que não tem IVA’.


A nossa Maria Antonieta tem muita sorte: o Álvaro ofusca-a ao ponto de ninguém reparar que a ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território não sabe nem sonha que a fruta está sujeita a IVA.

AS REDUÇÕES SALARIAIS DA F.P

inconstitucionalidade


Um dos argumentos que foi utilizado pelo Tribunal Constitucional no Acórdão n.º 396/2011 para sustentar a não inconstitucionalidade da redução salarial da função pública, decretada pela Lei do Orçamento de Estado para 2011, foi o facto se essa redução ser meramente transitória, o que se demonstrava pelo facto de as tabelas salariais se manterem intocadas. De facto, o que foi decidido na altura foi um corte percentual face ao valor resultante dessas tabelas, valor esse que não foi objecto de qualquer modificação, continuando a vigorar para o futuro (isto é, após a vigência dos cortes), o que permitia concluir no sentido da provisoriedade da redução salarial - factor decisivo para a consideração da sua conformidade com a Constituição.

Ora, se o Governo agora se prepara para
rever essas tabelas remuneratórias da Administração Pública - presume-se que em baixa - cai por terra o referido argumento. E daí resultam duas consequências.A primeira (económico-financeira): que os cortes salariais não são provisórios, antes vieram para ficar. E, em consequência, a segunda (jurídica): que os cortes salariais, afinal, violam a Constituição.
Por isso, caros funcionários públicos, já sabem: se o Governo concretizar mesmo esta intenção de alterar as tabelas remuneratórias da Administração Pública, toca a recorrer para os tribunais, porque, de acordo com o entendimento já sufragado pelo próprio Tribunal Constitucional, estaremos aí perante uma violação da Lei Fundamental
.
    Paulo F.

18 novembro 2011

Taking off from the Azores

É MESMO NÃO TER VERGONHA NA CARA (É UM ARTISTA!)


É preciso um primeiro-ministro ter mesmo muito pouca vergonha  para dizer ao país com ar dramático que vai retirar os subsídios aos funcionários e pensionistas (aos ricaços que ganham mais de 1.000 euros) durante dois anos para depois comunicar esta medida a Bruxelas como definitiva.
Se restavam dúvidas estas são tiradas pelo comunicado da troika, Passos Coelho não fez uma promessa eleitoral, divulgou uma medida na qualidade de primeiro-ministro, usou a mentira para enganar os portugueses e fazer passar uma política de empobrecimento dos portugueses em duas fases, agora os que dependem do Estado, depois os que trabalham no sector privado.

TROIKA



OS OCUPAS DO PILIM


Álvaro a aumentar o défice tarifário e a manipular os mecanismos regulatóri​os de fixação do preço da electricid​ade



Então   isto, não é empurrar as coisas com a barriga? Não é aumentar o défice tarifário, logo, o endividamento? Não é adiar o problema, agravando-o, só para evitar aumentos no imediato? Não é remeter a factura para mais tarde, com juros de Euribor + 2%? Não é justamente aquilo que o Álvaro criticava que se fizesse? E agora, os histéricos da independência regulatória da ERSE, já não têm nada a dizer? Agora já não lhes choca, é?

Curioso, achava que o Álvaro não fazia destas coisas, destas "malabarices" (como lhe chamaria o primeiro-ministro). Como  as coisas mudam...

O ANÚNCIO DA COISA

DA SEITA DOS CARAS DE CU À PAISANA

INCLASSIFICÁVEL



Lembram-se com certeza da fronda contra o fecho de escolas. No tempo de Sócrates, o ministério da Educação decidiu (a meu ver, bem) encerrar escolas com menos de 20 alunos. Caiu o Carmo e a Trindade. Na televisão, pastoreado por Crespo, Nuno Crato, CEO do Taguspark até ir para o governo, disse da medida o que Mafoma não disse do toucinho. Assim que chegou a ministro, Crato mandou fechar 266 escolas, ficando 334 sob análise. Destas, fecharam já 32. Ontem, ouvido no Parlamento no âmbito do debate na especialidade do OE 2012, afirmou: «Estamos a prever encerrar uma parte substancial das mais de 400 escolas que sobraram.» A aritmética não bate certa porque o padrão-Crato é outro: em vez de escolas com menos de 20 alunos, a razia passa a afectar escolas com mais de 21 alunos. Mais de. Um burocrata qualquer deve ter feito um estudo que demonstra como a mudança do tecto promove a extinção de mais umas dezenas de escolas. Em si mesma, a decisão de encerrar escolas com poucos alunos (e sem condições) é boa. Os ziguezagues de Crato é que são inclassificáveis.

LAPSOS DE MEMÓRIA

Sexta-feira, Novembro 18, 2011


Não sabe o que acordou com a troika ou o sol de Luanda fez-lhe mal à moleirinha?


O primeiro-ministro deu ontem uma conferência em Luanda, com transmissão pela RTP, em que afirma que não está no comunicado o apelo a que os privados sigam as decisões do Governo em termos salariais.
Bom, para além do que todo o país ouviu da boca da troika, basta ver o que está escarrapachado no site do FMI:
    "A fim de melhorar a competitividade dos custos da mão-de-obra, os salários do sector privado deverão seguir o exemplo do sector público e aplicar reduções sustentadas."

17 novembro 2011

IMAGENS INTERESSANTES DA RUSSIA IMPERIAL

russia imperio fotografia
Girl with strawberries. Russian Empire
Quando penso no passado, penso em cinza. Talvez o faça parecer mais genuíno, partindo do pressuposto de que o passado é retratado sempre em preto e branco, seja nos livros de história, em nossa memória ou em fotos dos velhos álbuns empoeirados dos nossos avôs.
Porém, um homem – extremamente artístico – obteve sucesso ao retratar o antigo Império Russo, há 100 anos, em fotografias coloridas. As fotos foram feitas antes da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa, ou seja, uma época em que os estudos para a fotografia colorida ainda estavam em andamento, com algumas tentativas não muito bem sucedidas. Esse homem foi o russo Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorskii.
Sua técnica não era tão complexa quanto seu nome, porém inovadora para a época. Ele tirava três fotos – preto e branco – da mesma cena e em seqüência, mas com um filtro vermelho, outro azul e outro verde na frente da lente. Por meio de lâminas com três lâmpadas com cores idênticas às dos filtros, conseguia o efeito de uma composição colorida.
Apesar de cumprir seu objetivo, a técnica não era tão eficaz. Um dos problemas encontrados pelo fotógrafo era a necessidade de que toda a cena fosse completamente estática, ou a foto passaria a ter borrões, como podemos verificar em alguns resultados.
Suas fotografias foram tiradas entre os anos de 1907 e 1915 quando Sergei viajou sua terra natal para realizar um documentário fotográfico, aproveitando-se dos avanços tecnológicos na área. Seu projeto era retratar o antigo Império Russo – seus lugares e personagens. Ele não somente foi autorizado pelo Tsar Nicholas II, como recebeu todo o apoio necessário para a realização de seu trabalho. Sergei ganhou um carro devidamente equipado com o qual percorreria o país em suas viagens históricas.
russia imperio fotografia
Sixty-six years of service. Supervisor of Chernigov floodgate. Russian Empire
Nascido em 1863, em Muron, território hoje conhecido como Vladimir Oblast, o fotógrafo veio de uma família nobre, com um extenso histórico militar. Mais tarde foi para São Petersburgo e matriculou-se no Instituto de Tecnologia para estudar química.
Dedicou toda a sua vida em prol dos avanços da fotografia. Além de seu trabalho como fotógrafo e pesquisador, também deu aulas sobre sua “projeção óptica colorida”, dando vazão ao seu conhecimento para educar crianças acerca do grande Império Russo.
Mas Sergei consegue mais do que um projeto fotográfico, com uma interessante técnica a favor da fotografia colorida – a qual vingaria somente na década de 30. Ele consegue carregar nos ombros o privilégio de ter sido o único a retratar igrejas e mosteiros que foram destruídos na Revolução Russa, além de fotografar a vida dos trabalhadores das fábricas e do campo. Suas imagens exclusivas, de uma Rússia pré-Revolução, foram compradas pela Biblioteca do Congresso em 1948, a partir dos seus herdeiros.
Seu acervo conserva um passado diferente daqueles que estamos habituados a ver. O passado de Sergei tem mais vida. Ele deu cores a momentos, pessoas e lugares que veríamos somente em cinza.
O que há de mais belo em seu trabalho é a imperfeição. Algumas fotografias chamam a atenção por serem “sejas”, dando um certo desconforto visual. É a técnica em seu momento mais cru. Uma fotografia que conserva suas cores com uma visível luta.
Ao contemplarmos um trabalho de tamanha competência, mesmo com tantas dificuldades para ser executado, é possível sentir gratidão pela inusitada e interessantíssima experiência visual. Pelo impacto de poder observar um passado tão distante em cores.
A impressão que tenho sobre Sergei não é de um homem que fez tudo o que fez pura e simplesmente por amor à arte de fotografar. Tenho comigo que Sergei fez tudo o que fez por amor à história de uma terra que ele amava. E, ansiosamente, queria retratá-la da maneira mais fiel que conseguisse. E conseguiu. Deu à história outros olhares. Deu ao seu país uma outra visão de uma época perdida. Deu ao futuro um passado, colorido.
russia imperio fotografia
View of Novaia Ladoga. Russian Empire
russia imperio fotografia
Ostrechiny. Study. Russian Empire
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Crew of the steamship "Sheksna" of the M.P.S. [Ministry of Communication and Transportation]. Russian Empire
russia imperio fotografia
Assumption of the Mother of God Church in Deviatiny (200 years old). Russian Empire
russia imperio fotografia
Peasant girls. Russian Empire
russia imperio fotografia
Head study
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Group of railroad construction participants. Russian Empire
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Ufa. Mezhgore. Russian Empire
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Sukhumi. General view of city and bay from Cherniavskii Mountain. Russian Empire
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Mullahs in mosque. Aziziia. Batum. Russian Empire
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Emir of Bukhara. Bukhara. Russian Empire
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Isfandiyar, Khan of the Russian protectorate of Khorezm(Khiva), full-length portrait, seated outdoors. Russian Empire
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Western part of Tiflis. Russian Empire
russia imperio fotografia
Mozhaisk Nikolaevskii Cathedral. A side view. Russian Empire
Todas as imagens publicadas com autorização da biblioteca do congresso
rejaneborges
Sobre a autora: rejane borges gosta das cores de folhas secas ao chão. E das cores das folhas velhas dos livros. Saiba como fazer parte da obvious.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2010/09/fotografias_de_um_passado_distante_-_imperio_russo.html#ixzz1e0iiLspv