14 novembro 2011

QUAL SERÁ O RESPALDO PARA O RADICALISMO DE COELHO


Tem-se falado e bem em conflito institucional entre o Presidente da República e o Governo. É verdade, é péssimo e não augura nada de bom. Só nas últimas semanas:
    i) O Presidente manifestou-se contra o corte nos subsídios de férias e de Natal para função pública e pensionistas; ii) O Presidente levantou dúvidas sobre os constrangimentos levantados ao financiamento da economia, nomeadamente em função da Proposta do Governo para a capitalização dos bancos; iii) O Presidente manifestou-se favorável ao reforço das competências do BCE, ao arrepio dos ortodoxos monetaristas, à Gaspar, para quem a inflação é o deus supremo.
Já houve quem identificasse que, de um lado, está Passos Coelho, Merkel e Sarkozy e, de outro, praticamente o resto da Europa.
Mas não é só isso. Ouça-se nos últimos dias Rui Rio, ouça-se Manuela Ferreira Leite, ouça-se Capucho, ouça-se Paulo Mendo, ouça-se Silva Peneda. E ouça-se por exemplo Vitor Melícias e o cardeal Patriarca. Ouçam-se os sindicalistas do PSD. Ou seja, a divisão não é entre o PS e o PSD, é entre o PSD e as vozes da social-democracia e da sensatez.
Recordamos agora o que disse Paulo Portas em campanha: o PP está à esquerda do PSD na agenda social. Este é o cerne do problema: temos um governo em que o principal partido não procura nenhum consenso, mas que aposta numa política que, sendo sempre contestável em termos ideológicos, é absolutamente insuportável em termos económicos e sociais neste momento particularmente delicado da nossa história.
Passos Coelho tem a sua agenda liberal e pensou que a troika lhe dava o pretexto para disfarçar a vontade de cortar, mas começa a perceber-se que só mesmo os mais radicais da Europa podem dar suporte a uma política injusta e de empobrecimento generalizado...

Sem comentários: