19 fevereiro 2011

O BIRRENTO CARRILHO

Manuel Maria Carrilho acusa a direcção do PS de José Sócrates de estar a condicionar o debate para o próximo congresso do partido. "Parece-me que tudo é feito para estabelecer um regime de liberdade condicional aos militantes", diz ao i o ex-ministro da Cultura e antigo dirigente socialista, criticando a decisão de limitar a apresentação de moções globais apenas a quem se candidate a secretário-geral do partido.
"É uma novidade não poder haver moções sem candidato. É inaceitável. É dizer que há pluralidade, mas debate de ideias é que não pode haver", afirma Carrilho, que já foi desafiado pela candidatura do actual secretário-geral, José Sócrates, para se candidatar à liderança.
Confrontado com essa hipótese - que foi deixada ao i pelo director de campanha de José Sócrates, Capoulas Santos -, o antigo deputado e governante socialista diz que "não comenta" porque seria "reforçar o condicionamento" a que os militantes estão sujeitos e reafirma o que já disse sobre o assunto. No seu comentário na TVI, Carrilho esclareceu que faz parte da liberdade dos militantes afirmarem se são ou não candidatos no momento que entenderem mais adequado.
Este inqualificável político,  meramente interessado em "tachos", nunca contribui com nada de proveitoso- seja qual for a causa -  e se não merecer desprezo merece pelo menos  ser devidamente ignorado.  É aproveitado pela comunicação social  chocarreira (onde tem o seu espaço natural)  e seria normal que fosse nesse espaço onde deveria procurar sustento... e alimento para o seu ego descomunal.

"Belos Tempos" By Fernando Farinha

18 fevereiro 2011

O QUE É O ESTADO SOCIAL?






Zangaram-se as comadres do Santander Totta e descobriu-se que o banco teria um "esquema" para fugir ao fisco com milhões que, depois, acabavam nas ilhas Caimão. Não era "esquema" imaginoso por aí além, a imaginação das Finanças para apanhar fraudes de milhões é que é muito inferior à que tem para apanhar fraudes no Rendimento Social de Inserção. Trata-se de uma rede com uma malha fiscal patenteada pelo "Estado Social" português, que apanha carapau miúdo mas deixa passar tubarões e peixe graúdo em geral.
Isto quando não são as próprias Finanças a abrir a bancos e grandes empresas as portas por onde saem os milhões que, depois, o "Estado social" vai buscar aos salários dos funcionários públicos e às prestações sociaisComo na Zona Franca da Madeira, "morada fiscal" de conveniência de 2981 empresas (2435 das quais sem qualquer trabalhador) que tiveram, em 2009, 3700 milhões de lucros, pagando em impostos apenas 6 dos 750 milhões que pagariam em qualquer outra parte do território nacional.
Por imposição de Bruxelas, o Governo acabou agora com os escandalosos "benefícios fiscais" dessas empresas. Mas só para as criadas até 2007, mantendo tudo na mesma, com os cumprimentos do dr. Teixeira dos Santos, para as mais recentes. E, assim, aquelas só terão que dissolver-se e criar uma nova com o mesmo patriótico fim (a evasão fiscal).
Ese eu mudasse também a minha "morada fiscal" para a Madeira?JN-A.Pina




17 fevereiro 2011

POUCA ROUPA NÃO É SINÓNIMO DE SEDUÇÃO



AFRODITE
40% à mostra é o ideal








Uma investigação da Universidade de Leeds, na Inglaterra, solucionou uma das angústias femininas em relação à sedução. Os investigadores explicam que a ideia era mostrar às mulheres o quanto elas tinham que mostrar do corpo para despertar a atenção dos rapazes em locais públicos. Para isso, os investigadores observaram a clientela de uma das maiores boates da cidade e munidos de gravadores e câmeras escondidas registraram a opinião masculina sobre as moças, além de destacar o que elas estavam usando e quantas vezes eram abordadas.
Após algumas noites de observação, os cientistas chegaram aos seguintes indicadores de referência: cada braço exposto conta como 10% do corpo, o bumbum representa 50% e cada perna perfaz 15%. As mulheres que mostraram, em média, 40% de seu corpo foram duas vezes mais abordadas do que aquelas que estavam totalmente vestidas. E mais, as raparigas que estavam mais "saidinhas", com mais de 40% do corpo exposto, também foram menos contempladas. Uma das explicações para a reação, de acordo com os investigadores, é que elas passam a ideia de serem demasiado  liberais  e, portanto, potencialmente  infiéis, segundo a justificatificação dos homens questionados.
Fonte: Yahoo!

TRANSMISSÕES TELEVISIVAS DE FUTEBOL EM CANAL ABERTO






O tribunal geral da União Europeia autorizou esta quinta-feira os Estados-membros a tornarem obrigatória a transmissão em canal aberto dos jogos dos Mundiais e Europeus de futebol, considerando-os acontecimentos de interesse público.
A decisão surge na sequência de uma queixa apresentada pela FIFA e pela UEFA contra a Bélgica e a Grã-Bretanha, que já tinham normas no sentido de que os jogos das duas competições fossem emitidos em canal aberto.
O tribunal considera que proibir a transmissão exclusiva em canais pagos é uma restrição à liberdade de prestação de serviços, mas justifica-a com “o direito à informação e a necessidade de assegurar o acesso do público em geral a acontecimentos de grande dimensão”.
A decisão invoca um artigo da legislação europeia sobre o audiovisual que autoriza os Estados-membros a proibirem a transmissão exclusiva em canais pagos de eventos que consideram de grande importância para a sociedade.
Em virtude desta deliberação, cada Estado pode ser obrigado a enviar à Comissão Europeia uma lista de eventos desportivos ou culturais que se insiram no critério do “interesse público”.



CONVERSA DE CHACHA

Não é nada daquilo que estão a pensar... é um homem  dialogante...
O ex-ministro de Sócrates (o que será que este lhe fez ou... não fez?!) Freitas do Amaral acredita na possibilidade de o actual Governo cair através da aprovação de uma moção de censura no Parlamento, considerando que esse é o "destino dos governos minoritários".
Acentuando que qualquer partido da oposição tem o direito de apresentar uma moção de censura, Freitas do Amaral considerou que "o destino dos governos minoritários é serem derrubados por moções de censura por sectores diversos da oposição".
Em declarações aos jornalistas, o antigo governante disse ainda que isso aconteceu com o primeiro governo constitucional de Mário Soares, entre 1976 e 1978, que caiu com a rejeição de uma moção de confiança, e com o primeiro governo de Cavaco Silva, em 1987.
"Se neste momento há ou não há condições políticas para que isso aconteça  não sei, mas  acredito que um dia isso vai acontecer. Não sei se vai ser este ano, se vai ser para o ano, se vai ser antes do próximo Orçamento (...), nem desejo fazer apostas", afirmou o douto cavalheiro. Se isto não é conversa de chacha...  o que será uma conversa de chacha?... Ou será conversalhar?   Ou mesmo conversa p'ra boi dormir?...

B.E. - UM PARTIDO NORMAL?

Divisões internas sobre o exercício da liderança do partido, opiniões contraditórias acerca do apoio ao candidato presidencial Manuel Alegre e da apresentação de uma moção de censura, e saídas de membros fundadores. A última semana e meia pode ter ajudado a marcar uma mudança na imagem para o exterior do Bloco de Esquerda, que sempre se pretendeu assumir como um movimento com uma organização e funcionamento diferentes dos partidos tradicionais.
"O BE está a transformar-se num partido igual aos outros; é normal que viva períodos de contestação interna", confirma o politólogo António Costa Pinto, mas "é natural que o BE se normalize enquanto partido político. O CDS, por exemplo, também já passou por diversas crises idênticas" - e isso não pôs em causa a sua existência.
Porquê esta comparação? "O Bloco tem algumas características sistémicas que o aproximam de um partido médio de direita": menor estabilidade eleitoral, maior fluidez de apoiantes e ter uma parte dos seus dirigentes que estão mais à esquerda do que o seu eleitorado, enumera o politólogo.
A mais recente polémica é a moção de censura que Francisco Louçã anunciou há uma semana no Parlamento. A iniciativa já foi criticada por nomes sonantes do partido como Daniel Oliveira e Rui Tavares (euro deputado in-dependente). A insatisfação agravou-se com o facto de a mesa nacional, reunida no dia 5, ter feito uma proposta idêntica que foi recusada, como contava ontem Gil Garcia, mas depois a comissão política tomou a decisão oposta três dias depois. Alguns elementos do Bloco contactados pelo PÚBLICO não quiseram falar.
Rui Tavares questionava ontem no PÚBLICO os critérios e para que serviria a moção de censura do BE e chegava à conclusão de que "não há ponta por onde se lhe pegue" - porque nada muda se a moção for, tal como está já definido, recusada; e se fosse aprovada iria virar o Governo ainda mais à direita.
Para o também euro deputado e fundador do BE Miguel Portas, a moção chega "no tempo certo e pela razão certa": pretende-se castigar as políticas do Governo para o emprego em debate na concertação social. Não derruba o Governo: "O objectivo é aumentar o isolamento do executivo e tentar travar as medidas como a redução da indemnização de saída dos trabalhadores ou a criação de um fundo para despedimentos". Posição defendida igualmente pela ex-deputada bloquista Joana Amaral Dias, para quem "este Governo merece censura" e o BE só está a "pôr em prática a oposição que há muito lhe vem fazendo".
"Passada a espuma das declarações e contra declarações, o cenário que teremos é uma esquerda que censura e uma direita que ampara o Governo", descreve Miguel Portas. E sairá o BE reforçado depois deste processo? "Dependerá de como correr o debate no dia 10 de Março - mas isso deve ser uma preocupação menor para o BE", acredita o euro deputado. Joana Amaral Dias acrescenta que o BE deve capitalizar, apresentando na mesma altura propostas e soluções de esquerda, exequíveis.
Críticas ao timing
Uma das críticas apontadas é o timing em que o anúncio foi feito: um mês antes de a moção ser apresentada. Legalmente, o Parlamento tem que a discutir até 48 horas depois da sua entrada na Assembleia. Como o Presidente da República toma posse no dia 9, este acaba por ser "o primeiro momento em que uma moção tem uma utilidade prática" em muitos meses.
Porém, Joana Amaral Dias aponta erros na forma como se conduziu o processo. "Francisco Louçã quis dar a ideia de que se tratou de uma espontaneidade parlamentar durante um duelo no plenário quando de espontâneo não tem nada. A que se soma o erro de não ter sido discutida na mesa nacional, e depois veio o líder parlamentar dizer que a moção também era contra as políticas do PSD", enumera. "Uma moção é contra o Governo, não contra a oposição", vinca.
Precipitação paga com a abstenção, já anunciada, do PSD e também do CDS. Joana Amaral Dias apelida a atitude da direita de "infantilidade": o CDS quis adiantar-se porque está "numa guerrilha com o PSD", e o PSD, sem se- quer conhecer o texto, já anunciou o voto. "Se o texto for altamente crítico e castigador para o PSD por ter coadjuvado o Governo, o partido vai abster-se, como já disse que fará, em vez de votar contra?", questiona. Acredita, por isso, que "o PSD não quer derrubar o Governo. É muito oportunista. Vai esperar uma oportunidade em que o país esteja menos esquelético e calamitoso para ficar com o poder na mão".

O PCP E OS SEUS EVENTOS

A CGTP criticou hoje o "agravamento acelerado e doloroso" do desemprego em Portugal, definindo a taxa de 11,1% divulgada pelo INE como "insustentável" para o país e anunciado uma manifestação para 19 de Março.
A CGTP, organização do Partido Comunista que tem por missão manter a classe operária em permanente litígio com "o grande capital", promovendo  o descontentamento permanente e a criação de condições para a baixa produtividade,  estimulando a manutenção situações de desemprego e de emprego periclitante propícias à acção do Partido para reunir o rebanho de descontentes que dê substância aos seus projectos de poder mirabolantes... Seria interessante um estudo que apurasse quanto desse " agravamento acelerado e doloroso do desemprego" não resulta da acção de sapa desse braço "armado" do Partido Comunista (a CGTP) com suas manifestações, greves, etc.  Tome-se como o exemplo a greve da CP em curso   cujos malefícios resultantes para a economia em geral e para os trabalhadores em particular  são enormes... 

16 fevereiro 2011

MANUELA ARCANJO INTERVENTIVA!...





A antiga ministra do PS Manuela Arcanjo lamenta que, em alguns aspectos, o Partido Socialista
não esteja a governar à esquerda e de acordo com aquela que é a sua matriz. "O governo poderia tomar decisões de forma diferente e à luz da matriz do PS. Podia atender a algumas questões que sempre foram preocupações do partido", afirma ao i a antiga governante do executivo de António Guterres, criticando algumas das medidas de contenção que estão a afectar o Estado social.
Manuela Arcanjo, que foi secretária de Estado do Orçamento e ministra da Saúde nos governos liderados por António Guterres, diz que "uma coisa são os discursos a defender o Estado social e outra coisa são as medidas concretas", e dá como exemplo de decisões que foram contra a matriz do PS "as alterações nas regras do subsídio de desemprego", que deixaram muitos desempregados sem protecção social, e "os cortes nas empresas públicas não salvaguardando os hospitais".
"Se calhar nem 50% dos desempregados estão protegidos. Nos países nórdicos fizeram cortes, mas não excluíram franjas da população. Há aspectos em que o PS não está a governar como um partido de centro-esquerda, nem dentro daquilo que é a sua matriz ideológica", diz Arcanjo, defendendo, porém, que o actual governo deve cumprir o mandato, já que "a precipitação de eleições não vai ajudar o país" e é "um sinal externo de instabilidade que levará ao agravamento imediato dos juros da dívida".
Apesar de defender que faz falta à política um clima de estabilidade, que "nunca existiu" desde que o PS perdeu a maioria absoluta, a antiga ministra prevê que "a pouca tranquilidade política vai continuar com tendência para se agravar".

15 fevereiro 2011

UM RETRATO DO P.S.

O PS no “centro do centro” e a auto-reprodução das oligarquias partidárias

por Alfredo Barroso, Publicado em 15 de Fevereiro de 2010 jornal i

1. Na sua crónica semanal publicada no DN a 1 de Fevereiro, Mário Soares considera ter chegado o momento de o PS "fazer uma reflexão aprofundada", com o objectivo de "dar um novo impulso à sua participação na vida política (independentemente do governo), com mais idealismo socialista e menos apparatchiks, mais debate político e menos marketing, mais culto pelos valores éticos e menos boys que só pensam em ganhar dinheiro e promover-se".
A primeira reacção oficial da direcção do PS não se fez esperar, por via do inevitável José Lello, membro do seu secretariado nacional, que se apressou a desvalorizar as opiniões do principal fundador do partido: "O PS só tem uma única preocupação: governar o país e defender o país. É esse o nosso objectivo ideológico e é nisso que devemos concentrar-nos. Tudo o resto é secundário."Antes de mais, duas observações de pura forma: "governar o país e defender o país" são duas preocupações, e não "uma única"; e nenhuma delas é um "objectivo ideológico", mas sim político. José Lello tem de cuidar da gramática e recorrer mais vezes ao dicionário, porque a língua portuguesa é muito traiçoeira.
Depois há que dizer que José Lello é assim uma espécie de "reflexo pavloviano" da oligarquia partidária que dirige o PS. Quando alguém bate com demasiada estridência no portão da sua quinta, Lello reage e ataca sem pensar, atirando-se cegamente às pernas de quem julga ser um intruso, e fica radiante quando lhe rasga as calças.
Para Lello e outros apparatchiks, que, como ele, vivem à sombra do aparelho do partido, Mário Soares já é considerado um "intruso", tal como Manuel Alegre ou Manuel Maria Carrilho, para só referir mais dois exemplos de fresca data. Como qualquer apparatchik que se preze, Lello é totalmente incapaz de formular um discurso político que seja interessante e mobilizador. Além de não se lhe conhecer qualquer ideia original, recusa-se terminantemente a reflectir sobre o que quer que seja.
2. José Lello é um case study que nos permite compreender melhor como os partidos continuam a funcionar em circuito fechado. Citando Robert Michels, um dos maiores autores clássicos especializados no estudo dos partidos políticos em democracia, José Lello faz parte "de um exército de dirigentes intermédios ou inferiores profissionalizados – os chamados bosses e wirepullers [literalmente: "os que manobram os fios", isto é, os "intriguistas") –, sem qualquer aprofundamento teórico a guiar a sua acção, mas sob as ordens de um dirigente superior com talento estratégico".
A obra fundamental de Robert Michels – "Para Uma Sociologia dos Partidos Políticos na Democracia Moderna. Investigação sobre as Tendências Oligárquicas dos Agrupamentos Políticos» – foi publicada pela primeira vez em 1910, mas só em 2001 foi traduzida e editada em português1.
Cem anos passados, a sua actualidade continua impressionante. Michels apresenta-nos inúmeros exemplos do modo como a direcção das grandes máquinas políticas é progressivamente açambarcada por uma classe profissional que vai afastando paulatinamente os militantes. Graças ao conhecimento das questões essenciais e à sua experiência política, essa classe profissional acaba por se tornar indispensável. A sua "ciência" dos mecanismos internos (o chamado "aparelho") e a habilidade para utilizar as regras do jogo (que conhece e manipula como ninguém) preservam-na de ser derrubada por súbitas inversões de maioria.
Essa classe profissional adquire assim uma inamovibilidade quase absoluta: a sua renovação praticamente só se opera pelo efeito da idade e, mesmo assim, essa substituição de gerações é cuidadosamente controlada e circunscrita. Os dirigentes partidários revelam, aliás, especial mestria no trabalho de dissolução das oposições virtuais, quer absorvendo os seus líderes, quer empurrando-os para fora do partidoEm suma: qualquer possibilidade de rejuvenescimento ou renovação global está condenada à partida. A democracia, que é participação de todos na direcção, deixa assim de ser exercida no interior dos partidos.
Foi a esses poderosos mecanismos de preservação e auto-reprodução da classe profissional que domina os partidos políticos que Robert Michels chamou a "lei de bronze" ou "lei férrea da oligarquia partidária".
Diz ele que "as correntes democráticas, ao longo da história, fazem lembrar a rebentação contínua das ondas. Quebram sempre no momento em que se enrolam e se abatem com fragor. Mas renascem sempre". O que sucede é que muitos daqueles que erguem as vozes contra os "privilégios oligárquicos" também "acabam por se dissolver na classe dominante", depois de "um período de participação cinzenta na dominação".
Por isso mesmo, remata Robert Michels, "não tem fim este drama que ferozmente se desenrola entre o incansável idealismo dos mais jovens e a incurável sede de poder dos mais velhos. Há sempre novas ondas a rugir no mesmo ponto de rebentação. E é essa a marca mais profunda e mais característica da história dos partidos políticos".
3. No interior dos partidos que alternam no poder, ou seja, no governo, há igualmente o problema, referido por Mário Soares na sua crónica, dos "boys que só pensam em ganhar dinheiro e promover-se".
É um problema cruciante nas democracias modernas, consequência daquilo a que Donatella Della Porta, professora de Administração Local na Universidade de Florença, considera uma "quebra progressiva da tensão ideológica, que deixou um vazio ao nível dos princípios éticos"
2. Essa "quebra dos estímulos ideológicos" abriu caminho a indivíduos mais sensíveis a motivações materiais, ou seja, à defesa dos seus interesses pessoais. De facto, a falta de pessoal qualificado, capaz de desempenhar funções de direcção política e de gestão da coisa pública, passou a ser compensada pela "oferta" de uma nova classe de oportunistas, atraídos por aquilo que a política lhes pode oferecer, tanto ao nível local como ao nível nacional, para multiplicarem os seus proventos pessoais.
É evidente que a "quebra da tensão ideológica" diminui bastante a capacidade dos partidos de formularem programas e políticas públicas consistentes e coerentes, em benefício da generalidade dos cidadãos. Clientelismo, nepotismo e patrimonialismo condicionam inevitavelmente a visão e os objectivos daqueles que detêm os poderes de decisão.
Assistimos então àquilo que se designa por "gestão clientelar" das ofertas de emprego na administração pública e nas empresas públicas, das nomeações políticas feitas pelos partidos, das adjudicações de obras e serviços públicos, e do favorecimento de certas empresas privadas.
"As práticas clientelares e de governo paralelo", como também são designadas, "transformaram os próprios partidos." Enfraqueceram a sua capacidade de canalizar, traduzir e corresponder às necessidades daqueles que representam – os representados – e, em contrapartida, "reforçaram a sua tendência para proporcionar vantagens aos seus representantes".
Toda esta intrincada teia de interesses e conivências – caracterizada pela emergência de indivíduos que a especulação enriqueceu rapidamente, pela arrogância dos novos poderosos e pela corrupção das elites, pelo aumento significativo das necessidades financeiras dos partidos políticos e pelo total desprezo votado à moral do serviço público – torna muito difícil imaginar "um novo impulso democrático", uma grande transformação política e uma verdadeira renovação ideológica dos partidos que alternam no poder.
4. No mais recente livro que publicaram, "O Poder Presidencial em Portugal"3, André Freire e António Costa Pinto salientam uma questão bastante interessante e significativa, que tem muito a ver com a "quebra da tensão ideológica" de que tenho vindo a falar.
No balanço do primeiro mandato do actual Presidente da República, referem que Cavaco só utilizou "o veto político face a diplomas da Assembleia da República". Por outro lado, "as divergências políticas de Cavaco Silva face à maioria parlamentar (expressas através dos vetos) foram apenas nas áreas socioculturais e morais (estilos de vida, ‘novos temas’: paridade, divórcio, uniões de facto) e nas questões institucionais (Estatuto Político-Administrativo dos Açores, etc.), deixando de fora os temas socioeconómicos (que estão no âmago da divisão entre esquerda e direita)". Mais adiante, insistem: "Pelo menos tanto quanto é possível inferir do exercício dos poderes de veto", Cavaco Silva "não terá divergido muito da maioria das orientações da maioria parlamentar (PS) em questões socioeconómicas (o âmago da divisão esquerda-direita)".
Os autores atribuem este comportamento do actual Presidente a dois factores: primeiro, a "uma significativa inflexão do PS para o centro do centro"; segundo, a "um certo centrismo ideológico do Presidente Cavaco em questões socioeconómicas".
Ora, o "centro do centro»" é aquilo a que um grande constitucionalista e especialista no estudo dos partidos políticos, Maurice Duverger, chamou o "juste milieu". E é hoje evidente que ele tinha razão ao afirmar, há mais de 40 anos, que "o centrismo favorece a direita".
Vejamos o que ele escreveu no livro "La democratie sans le peuple"4, publicado em 1967: "O centrismo favorece a direita. Aparentemente, as coligações do ‘juste milieu’ são dominadas ora pelo centro-direita ora pelo centro-esquerda, seguindo uma oscilação de fraca amplitude. [...] Estas aparências mascaram uma realidade completamente diferente. Por trás da ilusão de um movimento pendular, o centro-direita domina quase sempre. [...] Em vez de implicar uma transformação lenta mas regular da ordem existente, a conjunção dos centros desemboca no imobilismo, ou seja, no triunfo da direita."
No mesmo livro, Duverger também comenta a tendência para "uma esquerdização do vocabulário político", nos seguintes termos: "O centro quer chamar-se ‘esquerda’, a direita quer chamar-se ‘centro’, e ninguém quer chamar-se ‘direita’". Em Portugal, actualmente, o PS, o PPD-PSD e o CDS-PP são ilustrações perfeitas do que Duverger quis dizer.
5. O "centro do centro" ("juste milieu") é o território propício a todas as renúncias ideológicas e a todas as abdicações políticas, sempre em nome dos superiores interesses do Estado ou da nação, consoante a carapaça em que cada partido político quer enfiar-se.
Mas é grande o prejuízo para a democracia, que é sustentada por quatro pilares resultantes da articulação entre duas tradições diferentes: por um lado, os pilares da liberdade individual e do pluralismo, nos quais assenta a tradição liberal; por outro lado, os pilares da soberania popular e da igualdade, nos quais assenta a tradição democrática.
Liberalismo e democracia são valores diferentes e, como nos explica Chantal Mouffe, politóloga e professora da Universidade de Westminster, "a história das democracias liberais caracterizou-se pela luta, por vezes violenta, entre forças sociais cujo objectivo era estabelecer a supremacia de uma tradição sobre outra"5.
Hoje, porém, a moldura ideológica dominante assenta, por um lado, no "mercado livre" e por outro nos "direitos humanos". "O que é mais espantoso é que a referência à soberania popular – que constitui a coluna vertebral do ideal de democracia – foi praticamente eliminada da definição actual de democracia liberal." A soberania popular é considerada nos dias que correm "uma ideia obsoleta" e "um obstáculo à implementação dos direitos humanos".
Sob a bandeira da "modernização" – empunhada na década de 1990 por Tony Blair ("New Labour") e Gerhard Schröder ("Novo Centro") – os partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas europeus passaram a identificar-se quase exclusivamente com as classes médias e deixaram de representar os interesses das classes mais populares, cujas reivindicações foram consideradas "arcaicas" ou "retrógradas".
Não deverá por isso surpreender-nos a crescente alienação de um número cada vez maior de grupos que se sentem excluídos do exercício efectivo da cidadania pelas elites iluminadas. Chantal Mouffe salienta que é a incapacidade dos partidos políticos democráticos de "proporem formas distintas de identificação em torno de alternativas possíveis que cria o terreno propício ao florescimento do populismo de direita".
É ilusório pensar que vivemos em sociedades pós-políticas, das quais foram erradicados todos os antagonismos políticos. Não é concebível uma política consensual para além da esquerda e da direita. Nem sequer existem soluções imparciais na política. A "hegemonia neoliberal" deu lugar a um défice democrático que é urgente colmatar, e a desigualdades económicas, políticas e sociais crescentes, que é preciso questionar e combater.
É indispensável reactivar a noção de soberania popular como pilar essencial da democracia. Sem ela não é possível recuperar a confiança nas instituições europeias, combater as desigualdades sociais gritantes geradas pela gravíssima crise económico-financeira e recuperar o prestígio perdido pelos partidos políticos democráticos.
A noção de soberania popular traz implícita a ideia de participação alargada dos cidadãos na vida política e de intervenção na coisa pública. Sem essa participação activa não será possível proceder a uma renovação ideológica dos partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas.

As oligarquias partidárias instaladas no centro do centro praticam um pragmatismo sem princípios totalmente avesso à renovação. O "idealismo" inquieta-as, um "novo impulso" arrepia-as. Se as assustarem muito, soltam apparatchiks como José Lello e mandam à fava o debate político.









REPETIR-SE-Á A FESTA?

???




PORTUGAL FICA MAL NA FOTOGRAFA

Dos 16 países que usam o euro, apenas Portugal e Grécia sofreram uma contracção no PIB no quarto trimestre de 2010.
O gabinete de estatística comunitário revelou hoje os dados do PIB no quatro trimestre do ano passado quer para a zona euro quer para o conjunto da União Europeia. Entre Outubro e
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-e-grecia-sao-osDezembro, a economia cresceu 2% nos 16 e 2,1% na UE27, em termos homólogos, e teve uma progressão de 0,3% e 0,2%, respectivamente, face aos três meses anteriores.
Por países, e em termos de variação em cadeia, Grécia (-1,4%) e Portugal (-,03%) foram as duas únicas economias da zona euro a sofrer uma contracção no último trimestre de 2010. Fora do euro, o PIB do Reino Unido retraiu-se 0,5% entre Outubro e Dezembro, face ao terceiro trimestre. Já os maiores crescimentos foram observados na Finlândia (2,5%) e Estónia (2,3

FSM 2011 Dacar Senegal - Egito Wedad Ekkerda'oui

A forma de viver que conhecemos, oriunda do século XX, está progressivamente a desaparecer. O sistema de mercado (planificado ou livre) que caracteriza a idade moderna, tem limites (como qualquer outra invenção humana). O mercado é um jogo de troca de propriedades, que vai excluindo pessoas do acesso aos meios através de fronteiras financeiras. Por isso à medida que evolui mais pessoas vão ficando fora do sistema. Estamos numa altura onde o sistema não só expulsa mais pessoas, como permite a entrada de cada vez menos. As novas gerações terão por isso a árdua tarefa de praticar novas formas de viver fora do tradicional sistema trabalho, mercado, propriedade. Não é uma questão apenas portuguesa, nem apenas do governo (embora esse ajude à desgraça), é uma questão estrutural. O mercado entrou numa velocidade em que uma minoria sobe mais depressa, e a maioria desce abruptamente (é excluída). E vai ser até ser insuportável e iniciar-se o trabalho de parto de um novo sistema que dará uma nova idade humana.
Afinal porque é que temos todos de pagar o dinheiro que os bancos fazem do nada? É todo o sistema que irá mudar.






14 fevereiro 2011

O FASCÍNIO DO PSD PELOS RAPAZES DO MRPP







Ó p'ra eles no 25 de foice e martelo
Convidado para discursar no final de um jantar com os deputados do PSD, o ex-director do jornal Público admitiu que tenha de haver despedimentos na Função Pública e apontou a alteração da legislação dos despedimentos individuais como uma das reformas a fazer e que implicam uma «aproximação» entre o «centro direita e actores políticos que hoje estão claramente à esquerda».
Terminada a intervenção de José Manuel, o líder parlamentar do PSD, Macedo, sempre brilhante, considerou que «nem todos concordarão com aquilo que [o jornalista] disse», mas que ele «teve a capacidade de dividir as opiniões», pelo que agradeceu o seu contributo.
Na sua intervenção, José Manuel Fernandes declarou não ver razão para que o «problema dos despedimentos na Função Pública não venha  a acontecer em Portugal». Qual será a perspectiva deste caramelo para abordar esta temática e onde é que isto encaixa nos projectos do PSD?  Sim... pelo menos temos de admitir que o tema será caro ao partido hospedeiro e que terá feito o convite para o cavalheiro falar sobre essa matéria.
O actual PSD, com uma certa atracção pelo abismo, até já convida o inenarrável José Manuel Fernandes do MRPP para abrilhantar eventos e doutrinar os seus quadros. É o partido de Sá Carneiro  de passos trocados e a entregar-se às carochas... neste caso aos cadáveres do MRPP...

A MISERÁVEL POLITIQUICE À PORTUGUESA






Os safardanas brincalhões do b.e.(Se há por ali gente séria que nos desculpe...mas quem se junta ao Anacleto é outro que tal...)
Ainda a moção de censura do chamado B.E. 
O assunto já foi dinamitado por quase toda a gente, mas vale a pena relembrar a cronologia da coisa, que teve desenvolvimentos interessantíssimos no fim-de-semana (omitimos as datas certas porque dá muito trabalho ir ao Google):
1. O PCP, pela voz de Jerónimo de Sousa, anuncia que está a preparar uma moção de censura;
2. O BE, pela voz de Francisco Louçã, diz que essa moção de censura será uma irresponsabilidade e um veículo para colocar a direita no poder;
3. Dias de depois, durante o debate parlamentar com a presença do primeiro-ministro, o BE, pela voz de Francisco Louçã, anuncia uma moção de censura para o dia seguinte ao início do segundo mandato de Cavaco Silva, ou seja, para o primeiro dia em que uma moção de censura tem consequências directas na composição do governo;
4. Confrontado com a contradição do seu comportamento, o BE diz duas coisas: (1) pela voz de José Manuel Pureza diz que esta não é uma moção de censura para derrubar o governo, o seu objectivo é antes clarificar a postura política à esquerda, e (2) pela voz de Francisco Louçã diz que a sua moção faz sentido porque está marcada para uma data eficaz, por oposição à do PCP que não terá efeitos nenhuns;
5. O PSD, surpreendendo um total de uma pessoa (José Pedro Aguiar Branco), diz que, claro, não vai votar favoravelmente a moção;
6. Francisco Louçã (já não se sabe em nome de quem fala o «coordenador» do BE) critica o PSD por ter vindo prontamente dar a mão ao governo e ao PS, em vez de, em vez de, por exemplo, fazer exactamente aquilo que o BE ter classificado dois dias antes como «ridículo».
Isto tem mais twists que a cinematografia inteira do Shyamalan.
Ler também no DN sobre o assunto vertente...

P.P. - PARTIDO PAULO PORTAS

Paulo Portas elege-se Presidente do CDS com votação norte-coreana... 95%
Vão  todos passear de submarino para darem largas ao espírito de marinheiros que os move e cuidar do ego 
do frustrado Amirante Portas 

13 fevereiro 2011

Documentário Beatles: Let It Be

UM PARTIDO CEGUETA OU DISTRAÍDO?






Desde que a geração parva tomou conta do PSD, entretém-se em simulações lego sobre o edifício da futura governação, alheando-se do que se passa para lá dos muros do recreio.
Um a um, vão-se desmoronando os mamarrachos que resultam dos atamancados projectos (lembram-se da proposta de revisão da constituição?), mas logo outro começa: A ideia da privatização da CP e de outras empresas públicas com prejuízos já foi abandonada?
No entanto, como o mundo não pára, nem espera pelos jovens serôdios, de vez em quando a realidade escancara-lhes os portões e força-os a sair da letargia:- Com o orçamento, foi preciso Cavaco mandar o Catroga puxar-lhes as orelhas e agora, com a moção de censura do Bloco de Esquerda, não sabemos quem lhes vai dar as palmadas por se deixarem entalar... Vamos esperar o que o Relvas-Coca-bichinhos  nos diga algo enquanto o Comandante em Chefe, basbaque,  se passeia distraído pelos Campos Elíseos... esperando que o seu angelical Guru decida o que fazer...