25 junho 2010

O QUE OS 22 DEVEM A PORTUGAL

Esta tarde, reparem nos jogadores mais escuros, de Miguel a Maicon, passando por Liedson e Robinho. Nenhum usa pó-de-arroz! O porquê da exclamação? Eu conto: em 1914, Carlos Alberto, vago moreno, para jogar ao lado dos grã-finos e brancos do Fluminense, clube do Rio, usava aquele artifício para parecer igual aos colegas - e, ainda hoje, esse é o nome, "pó-de-arroz", lançado aos do Fluminense. Mero episódio? Não, era o costume do tempo. Em 1921, o Presidente brasileiro Epitácio Pessoa deu ordens para só haver brancos na equipa brasileira que ia jogar à Argentina. Sabem quando tudo mudou? Em 1922, o Vasco da Gama subiu ao campeonato principal - era o clube dos comerciantes portugueses do Rio de Janeiro. Clube dos Manuéis, vendendo bacalhau e usando tamanco, tá vendo? Pois, mas o primeiro clube a alinhar brancos, negros e mulatos. Já em 1904, o Vasco da Gama tinha eleito para presidente um tal Cândido José de Araújo, mulato: "Nunca tinha acontecido num clube desportivo brasileiro" (Histoire du Football au Brésil, de Michel Raspaud, livro lançado este mês em Paris). Um dia, o clube fez este anúncio: "Clube de Regatas Vasco da Gama - um clube tão preto e branco quanto o Brasil". Portugal há muitos, o meu é este, o do Vasco da Gama e o do Coluna em 66. Sem pó--de-arroz. Por isso, olho antes de o jogo começar e vejo que estou a ganhar.

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