18 agosto 2009

CARLOS SANTOS ESCLARECE









Alexandre Relvas, emérito cavaleiro


««««CARLOS SANTOS, COM O SABER E A PACIÊNCIA QUE O CARACTERIZA, ESCLARECE O SENHOR Dr RELVAS DO INSTITUTO SÁ CARNEIRO E LÍDER DOS MOURINHOS DO PSD,


CARLOS SANTOS, Professor de Economia e Econometria;
Analista do ciclo eleitoral de 2009
enquanto coordenador do PNETPolítica;
Coordena também o PNETEconomia;


DIZ CARLOS SANTOS

O entusiasmo com que por certas bandas, se recebe a demagogia que Alexandre Relvas, militante do PSD coresponsabilidades no IFSC, espalha hoje nas páginas de um jornal, diz bem de quão necessitados estavam alguns de uma pequena distracção, que desviasse os olhos da calamitosa gestão das listas de deputados feita por Manuela Ferreira Leite.
Importa por isso desmistificar os argumentos distorcidos do Dr. Relvas, que pretende demonstrar ter sido desastrosa a política económica socialista. Como? Vejamos. Eu sugiro mostrar que Alexandre Relvas está errado e a ser demagógico em cada ponto que levanta. É convincente?

a) Alexandre Relvas diz que José Sócrates não cumpriu a promessa da criação de 150000 novos empregos. Pois não. Sucede que, no final do primeiro trimestre de 2008, de acordo com o INE, já tinham sido criados 133000 desses tais 150000 novos empregos. É muito difícil acreditar que se ultrapassasse até a meta prevista, não tivesse a maior crise desde a Grande Depressão caído sobre um mundo globalizado? Ignora o Presidente do IFSC que a crise é global e que por isso as nossas exportações caíram cerca de 20%, o Investimento Privado caiu em números parecidos, e o IDE revela tendências de repatriamento por toda a parte? A menos que seja um defensor dos regimes de planificação central, o Dr. Relvas devia entender que isto não pode ser impedido à força. E só pode ser contrariado, num regime que respeite a propriedade privada e a iniciativa privada, com investimento público para dinamizar as encomendas das empresas. Talvez agora, o Dr. Relvas perceba porque está errada a Dra. Ferreira Leite. Ou então é partidário da solução do BE: proibir os despedimentos a quem tiver resultados líquidos positivos. Ainda que de apenas 1 euro! O que explicaria muitas afinidades.

b) Alexandre Relvas diz que o défice externo subiu para 10,8% em 2008! Pois subiu! Tem toda a razão. Por isso seria desnecessário dar os números do endividamento externo: maior défice implica maior endividamento Dr. Relvas. O problema, como a Dra. Teodora Cardoso, do Departamento de Estatísticas do Banco de Portugal, lhe poderia explicar, e espero que tenha o bom senso de não colocar a credibilidade de Teodora Cardoso em causa como economista, é que esse aumento foi quase todo de 2007 para 2008. Sabe porquê? Porque, talvez não tenha reparado, mas os preços dos combustíveis dispararam na primeira metade de 2008. E numa economia em que a maioria da importações são combustíveis talvez fosse bom o Alexandre Relvas pensar no efeito disto. E já agora, aproveite e pense nos benefícios associados ao investimento em eficiência energética e energias renováveis que o PS fez e se propõe fazer. Enquanto não diminuir a factura energética, Dr. Relvas, talvez fosse melhor pensar dez segundos sobre como quer o PSD baixar as importações sem acabar com o crescimento económico de vez. Sugiro por isso que leve daqui também este recado à Dra. Ferreira Leite: o direccionamento do investimento público para a eficiência energética, as renováveis, a ferrovia, o sistema nacional de abastecimento de carros eléctricos, etc., são a única via de curvar esse défice externo. Ou andaremos sempre atrás das subidas e descidas do preço do petróleo.

c) O Dr. Relvas diz que a dívida pública subiu para 66% em 2008. E mais uma vez tem razão. Nunca na vida lhe explicaram o que são estabilizadores automáticos? E que a quebra da actividade económica com a crise global gera menos IRC, menos IRS e, como as famílias têm menos poder de compra, menos IVA? E que por outro lado, o aumento do desemprego, gera uma subida das transferências sociais? Mais despesas e menos receitas, Dr. Relvas. Queria que sucedesse o quê ao défice? Só que permita-me esclarecer dois factos. Entre 2005 e 2007, isto é, até à crise, a dívida pública portuguesa, em % do PIB, desceu, pasme-se! Dos níveis a que o fabuloso duo Barroso-Lopes a deixou. E, se me permite a ousadia, em 2008, vai-me dizer qual foi o país da UE, além de Chipre talvez, que não tenha agravado a dívida? Eu tenho uma sugestão: a Espanha, a França, a Irlanda e outros tiveram procedimentos por défice excessivo em 2008. O nosso défice em 2008 foi o menor da história da democracia portuguesa: 2,6%. Pormenores, Dr. Relvas?

d) O Dr. Relvas diz ainda que divergimos da UE durante parte da governação do PS. Curiosamente exclui o período em que convergimos. Porque esses tigres do crescimento que o PSD admira, como a Irlanda, estão a decrescer muito mais que nós. A Alemanha tem uma taxa estimada de quebra do PIB em 2009 cerca de 2 pontos mais baixa que a Portuguesa. A fabulosa Espanha está a decrescer tanto como nós, com um desemprego que é mais do dobro do nosso. Porque não inclui Alexandre Relvas estes números na comparação? Ou o mandato de José Sócrates acabou e ninguém nos disse nada? Demagogia?

e) Alexandre Relvas decide ainda falar do "esquecimento das PME". Eu não sei se ele leu o artigo da sua correlegionária Maria João Marques, hoje, no Diário Económico, mas ela teve a simpatia de elencar as medidas mais emblemáticas do PS de apoio às PME no seu programa eleitoral. Não me pergunte porque o fez. Porventura porque o PSD não tem qualquer programa e ela tinha que escrever alguma coisa. Mas vamos lá citar a bondosa MJM a citar o programa do PS: "
Destacam-se 1.600 M€ para reforçar os capitais próprios das PME, linhas de crédito bonificado, 250 M€ para apoio a operações de internacionalização, um apoio não especificado [aqui ela leu mal: o apoio é especificado, destina-se a PME's de excelência e funciona como incentivo] a 30.000 PME/ano." Agradecemos a publicidade, Maria João. Já agora podia ter listado mais rigorosamente o que foi feito esta legislatura e os apoios não financeiros previstos, como a inserção de jovens quadros altamente qualificados em PME's que queiram ter vocação exportadora mas lhes falte o know-how.

f) Em desespero final, Alexandre Relvas fala ainda na "totalmente demagógica e sem qualquer efeito na economia real" compra da COSEC. Eu lamento a falta de atenção à realidade económica do presidente do IFSC. Dá bem conta da pobreza da produção documental que se pode comprovar no site do Instituto. É que se Alexandre Relvas estivesse ligeiramente atento à realidade internacional, sabia que um dos grandes problemas que esta crise colocou foi o brutal encarecimento dos seguros de exportação. Eu explico, Dr. Relvas. Tem a ver com as tais PMEs, de que fala. Imagine que queria vender para um país distante. Além de riscos de transporte, ainda corria o risco de enviar a mercadoria, e nunca receber o pagamento. Estas questões são cobertas por seguros de exportação, que talvez conhecesse melhor se tivesse prestado atenção à cimeira do G20 que decidiu afectar um verba próxima dos 200 mil milhões de dólares a estes seguros para reanimar o comércio internacional. O Dr. Relvas poderia e deveria saber que num contexto de crise, em que os pagamentos são menos certos as empresas procuram mais estes seguros ao exportar e eles tornam-se mais caros. Foi só por isto, Dr. Relvas, que Portugal procurou, através do seu Governo, facilitar a vida às PME que consigam exportar comprando a COSEC.

Disponha, Dr. Relvas, da próxima vez que tiver dúvidas. Estamos aqui para ajudar.
tags:
, ,

1 comentário:

Aldo Reis disse...

A rapaziada do PPD/PSD são normalmente puros erros de casting nos papeis que desempenham. Têm de facto a perna curta para as passadas que anunciam na sua propaganda. E a gritante indigência leva-os, quais pintainhos enjeitados, a procurar o abrigo da asa do tio Aníbal. Para exibirem pensamento estruturado,incapazes de o produzir,deitam mão do ex-maoista-marxista leninista, adepto e grande admirador do regime comunista da
"gloriosa" Albânia, o conhecido Pacheco Pereira que se tornou o conselheiro privado de M.F.Leite e já conhecido em alguns meios pela designação de "RASPUTINE DA MARMELEIRA"