24 agosto 2009

ROBÔS



Um robô que consegue encontrar tomadas eléctricas para se recarregar.Vírus de computador que ninguém consegue suprimir.Um robô que consegue encontrar tomadas eléctricas para se recarregar Veículos aéreos predadores que, embora controlados à distância por seres humanos, se aproximam de uma máquina capaz de matar por si mesma.

Impressionados e alarmados com os avanços na inteligência artificial, vários cientistas informáticos estão já a debater os limites à investigação, já que esta pode levar à perda de controlo dos seres humanos sobre sistemas informáticos que estão a suportar uma porção crescente da carga de trabalho da nossa sociedade, com tarefas que vão de conduzir a guerra a atender consumidores pelo telefone.Preocupa-os que os avanços possam dar origem a graves rupturas sociais ou até a terem consequências perigosas.A título de exemplo, os cientistas apontam tecnologias tão variadas como os sistemas médicos experimentais que interagem com os pacientes para simular empatia como os worms e vírus informáticos que desafiam qualquer tentativa de extermínio e que por isso se diz terem atingido o estádio de "baratas" da inteligência artificial. Os investigadores - cientistas informáticos de renome, investigadores de inteligência artificial e de robótica, que se reuniram nas instalações da Asilomar, na baía de Monterey (na Califórnia) - desvalorizaram na generalidade a possibilidade de surgirem superinteligências fortemente centralizadas e a ideia de que a inteligência poderia surgir espontaneamente da internet, mas concordaram que os robôs capazes de matar por si sós já estão entre nós - ou estarão em breve.O debate focou em particular a hipótese de haver criminosos a tirar partido de sistemas de inteligência artificial logo que estes sejam desenvolvidos. Que poderia um criminoso fazer com um sistema de sintetização da fala capaz de o fazer passar por um ser humano? Que acontecerá se a tecnologia de inteligência artificial for usada para sacar informações pessoais contidas em smartphones?A conferência foi organizada pela Association for the Advancement of Artificial Intelligence (AAAI) e, ao escolher a Asilomar para a realização do debate, o grupo evocou um marco importante da história da ciência. Em 1975, os principais biólogos do mundo também se reuniram em Asilomar para debater a nova capacidade de remodelar a vida através da manipulação de material genético. Preocupados com possíveis catástrofes biológicas e com os aspectos éticos da nova tecnologia, decidiram interromper várias experiências. Dessa conferência surgiriam as directrizes para as investigações que incidem na recombinação de ADN, permitindo que as experiências prosseguissem. A reunião sobre o futuro da inteligência artificial foi organizada por Eric Horvitz, investigador da Microsoft que é actualmente presidente da associação. Horvitz pensa que os cientistas informáticos têm de dar resposta à hipótese de máquinas superinteligentes e de sistemas de inteligência artificial ficarem desgovernados. "Algo de novo aconteceu nos últimos cinco a oito anos", afirma Horvitz. "A tecnologia está a substituir--se à religião."O relatório da AAAI vai tentar avaliar a possibilidade da "perda do controlo humano sobre inteligências baseadas em computador". Também vai abordar, diz Horvitz, temas socioeconómicos, jurídicos e éticos, bem como as prováveis alterações nas relações entre seres humanos e computadores. Horvitz diz que o grupo procurou modos de orientar a investigação de maneira que a tecnologia melhore a sociedade, e não a conduza para uma catástrofe tecnológica. Tom Mitchell, professor de Inteligência Artificial e de Aprendizagem das Máquinas da Universidade Carnegie Mellon diz que a reunião a alterou a sua maneira de ver as coisas. "Entrei na reunião muito optimista quanto ao futuro da AI e a pensar que as previsões de Bill Joy e Ray Kurzweil estavam muito afastadas da realidade. A reunião deu-me vontade de falar mais abertamente sobre o assunto, sobretudo das grandes quantidades de dados coligidos sobre a vida de cada um de nós."
Exclusivo i
The New York Times

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