28 abril 2010

O AGUIAR VERMELHO

Este ano passei um mau bocado a tentar explicar o 25 de Abril ao meu filho. Comecei por dizer o que são os partidos, o que os diferencia e de repente, na cerimónia da assembleia, aparece Aguiar-Branco a citar Lenine, a elogiar a música do Zeca e do Sérgio, e a criticar a direita por não falar em povo. O meu filho aproveitou logo para me contrariar e disse que o PSD afinal era comunista. E acrescentou, com ar de quem tem um argumento definitivo, "ele até tem um cravo no casaco!" Entretanto, Cavaco elogia Salgueiro Maia, fala em desigualdades sociais e critica os chorudos ordenados dos administradores. Senti o olhar de gozo do meu filho, que me perguntou, "o presidente não é do PSD?" "Acho que sim", respondi, já sem ter a certeza de nada. Depois tive um trabalhão a convencê-lo de que aquilo era jogo político e no fundo a tentar provar-lhe que o pai não era um ignorante. Pois bem, não é que aparece Paulo Portas a estragar tudo ao dizer "eu até frequento o povo." Acho que não vou conseguir convencer o meu filho de que não é o CDS que organiza a Festa do Avante. Quando apareceu o Passos Coelho, de cravo na lapela, nas cerimónias do 25 de Abril que ele próprio instituiu na Câmara de Vila Real, disse-lhe logo com voz grossa: "Não, ele é mesmo liberal. Está ali porque quer privatizar o 25 de Abril!" Mas na notícia do sindicato a querer ilegalizar uma greve de patrões, desorientado, desliguei a televisão. "Papá, quero ver a Lua Vermelha." Assim fizemos, e aí sim, finalmente consegui explicar ao meu filho o 25 de Abril.no i

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