06 outubro 2010

D PEDRO "O POVOADOR" DO BRASIL

Ah, os 100 anos da República! Vocês sabem, a questão do regime, a cidadania, a monarquia constitucional, a simbologia republicana... Estou derreado com a jornada. Para espairecer, agarro no 1822, do brasileiro Laurentino Gomes, sobre o bicentenário da independência do Brasil. Logo na capa, leio: "Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado..." Como não continuar a ler? Vai do regresso de D. João IV a Lisboa até à morte do citado D. Pedro, cuspindo sangue no teatro. Passando, claro, por aquele dia de 1822, nas margens do Ipiranga, onde, além do grito, o príncipe teve dor de barriga. A princesa triste é a austríaca Leopoldina, morta nos trópicos por nove gravidezes seguidas e centenas de infidelidades do marido, o tal Pedro. O escocês louco é Lord Cochrane, herói britânico e trafulha da Bolsa de Londres, fundador da Marinha brasileira e ladrão que fugiu com uma fragata. O homem sábio é o maçon José Bonifácio que garantiu a unidade do país e dançava lundum em cima das mesas. Dizia a capa: "(...) um país que tinha tudo para dar errado..." E na contracapa, leio: "... e deu certo." Como 1822, que há semanas, no dia do lançamento no Brasil, vendeu 100 mil. Em gente, dava para encher o Terreiro do Paço no 101.º aniversário da República. Mudando a conversa, claro.F.Fernandes

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