23 outubro 2010

O FIM DA INOCÊNCIA

 O FIM DA INOCÊNCIAconta a história verdadeira de uma jovem portuguesa. O Autor pretende alertar os pais para esta realidade.
"Deu-me uma garrafa de água para as mãos e disse que era um tipo de ecstasy com efeito mais retardado. Os efeitos só iriam ser sentidos daí a, pelo menos, hora e meia. O tempo suficiente para chegarmos ao festival e ter uma experiência única na vida." O relato de Inês, a jovem do livro O Fim da Inocência, de Francisco Salgueiro, é verídico e espelha a vida dos novos adolescentes portugueses, garante o autor.
Uma realidade de droga, álcool e sexo vivida por um grupo de amigos desde os 12 anos. O escritor diz que o livro é "um alerta para todos os pais que desconhecem a vida dos filhos". A jovem que contou a sua história a Francisco Salgueiro tem agora 19 anos e deixou Portugal para tentar começar uma vida nova.
Os psicólogos alertam para a distância que existe entre pais e filhos. "Os pais têm muitas vezes uma imagem que não é necessariamente verídica da vida dos filhos. Os adolescentes, por sua vez, fazem tudo para esconder a vida que levam com os amigos e as saídas à noite", reconhece o terapeuta familiar Hélio Borges.
No entanto, o especialista acredita que os jovens que têm estes comportamentos - como as festas onde Inês e os amigos escolhiam os desconhecidos com quem consumiam drogas e faziam sexo, descritas no livro - são ainda "uma minoria". Já a psicóloga Dora Bicho, que também trabalha com jovens, alerta para o facto de esta realidade ser cada vez mais frequente. "O número de adolescentes que bebe e consome está a aumentar, mas há jovens que conseguem organizar-se e conciliar as saídas à noite com os estudos", diz.
O desconhecimento da vida dos filhos é o que mais assusta Francisco Salgueiro. Os pais da jovem que viveu as histórias d'O Fim da Inocência não faziam ideia de como a filha vivia e quando descobriram tentaram esconder essa realidade do meio onde viviam. O escritor considera que isso acontece porque "os pais pensam que os adolescentes são como eles eram. Mas há uma realidade social totalmente diferente daquela que os pais de hoje viveram na adolescência".
Por isso, os psicólogos aconselham os pais a manterem um diálogo aberto com os filhos para evitar que estes tenham comportamentos de risco como os que Inês viveu entre os 12 e os 18 anos. "Os pais devem estar presentes, sem imposições e mostrar uma certa abertura nas conversas", indica Hélio Borges.
A consciência do mundo em que os filhos vivem também pode fazer a diferença. Dora Bicho sublinha a importância de os pais mostrarem "uma disponibilidade não condenatória para ouvir e para tentar colocar-se no lugar do adolescente sob o ponto de vista actual e não querer que eles vivam como os pais viveram no seu tempo".
Os jovens do século XXI, que Francisco Salgueiro retrata, estão também expostos aos perigos das redes sociais. Inês conheceu um homem pela Internet, que dizia ser um rapaz de 16 anos, e com quem ela decidiu perder a virgindade, mas acabou por ser violada. "Os pais devem acompanhar o que os filhos fazem nas redes sociais. Devem explicar-lhes os cuidados que devem ter", refere o autor. "Os 15 minutos de fama transformaram-se em 15 megas, que são colocados na Internet e que ficam para sempre", diz.


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