18 abril 2009

LEITURAS


QUADROS DA PENA DE EÇA- Os Maias, vol.1
Eram duas horas quando os dois amigos saíram enfim do hotel, a fazer esse passeio a Seteais – que desde Lisboa tentava tanto o maestro. Na praça, por defronte das lojas vazias e silenciosas, cães vadios dormiam ao sol: através das grades da cadeia, os presos pediam esmola. Crianças, enxovalhadas e em farrapos, garotavam pelos cantos; e as melhores casas tinham ainda as janelas fechadas, continuando o seu sono de Inverno, entre as árvores já verdes. De vez em quando aparecia um bocado da serra, com a sua muralha de ameias correndo sobre as penedias, ou via-se o Castelo da Pena, solitário, lá no alto. E por toda a parte o luminoso ar de Abril punha a doçura do seu veludo.

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