25 setembro 2009

VINTE E SETE DE SETEMBRO


27 de Setembro António de Almeida A quem a roleta da vida destinou doenças graves, aprende muito com os médicos. Explicam as causas. Avaliam a gravidade. Apresentam soluções. Se a cura for admissível, indicam as modalidades. Elucidam as consequências de cada, durante e depois do tratamento. Algumas são penosas. Cabe ao dono do corpo escolher e comunicar a decisão ao médico. Este pede documento a desresponsabilizá-lo pelas consequências. Ao médico cabe executar bem a terapia escolhida e minimizar os efeitos da mesma. Há as meramente paliativas. Não curam, mas dão mais alguns anos de vida. E há as que aceleram o fim. No dia 27 de Setembro, os portugueses vão fazer uma responsável escolha. A economia mundial está doente. Portugal não podia escapar. Muitos portugueses pensam que a questão não lhes diz respeito. Temos saúde de ferro para aguentar tudo. Os doentes são os espanhóis. Os que não pagam impostos, por falta de rendimentos, embalam-se nas promessas de uma migalha de conforto material. Os que usam a engenharia fiscal jogam com o crescimento económico, quantas vezes alavancado em apoios públicos, para que as nesgas das leis fiscais apenas sejam disfarçadas. As centenas de milhar que pagam impostos, mas recebem do Estado vários múltiplos do que desembolsam, aprenderam a vender o peso do seu voto. Os debates televisivos mostraram muita táctica de conquista de votos, à custa do atropelo de elementares princípios da economia. Na diplomacia, um desastre relativamente a Espanha e Angola. Foram reveladores da ausência de estratégias de longo prazo e de reformas, vias privilegiadas para tirar o país das conhecidas debilidades estruturais. Faltou esclarecimento quanto à origem de recursos para tanto maná eleitoral. José Sócrates foi atacado por todos, dentro e fora dos debates. Bom indicador do receio que o seu valor provoca aos outros líderes. Mesmo com debilidades, revelou-se, distanciadamente, o político mais bem preparado para governar Portugal. Com ideias seguras. Equilibrado no papel do Estado e da iniciativa privada. Sereno. Bom diplomata. Sem 'ódios' que impeçam soluções pós-eleições. Para se desresponsabilizarem, os médicos pedem uma declaração. Os políticos, o voto. Que a euforia da noite de 27 de Setembro seja a festa do voto consciente. Os tempos não estão para aventuras. Nem para políticas de suspensões. E as consequências de algumas das terapias recomendadas podem não passar de paliativos. Os meus netos não querem definhar mais tarde. Desejam afirmar-se mais cedo.

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