AS AMBIGUIDADES DE CAVACO SILVA
«Invocar a crise como pretexto para não vetar politicamente um diploma que contraria todas as suas convicções (inclusive religiosas) não é mais do que um acto de falta de coragem política e calculismo eleitoral. Na verdade, a oito meses das próximas eleições presidenciais, Cavaco tentou a quadratura do círculo: não perder votos na sua base social de apoio e ganhar capacidade de penetração à esquerda, não abrindo brechas que pudessem vir a ser ocupadas por Manuel Alegre. Caso se recandidate, o tiro pode, no entanto, vir a sair-lhe pela culatra. A avaliar pelas reacções que se seguiram às suas palavras, não só não conquistou qualquer apoio à esquerda como fez disparar a desilusão entre os seus apoiantes. O Presidente alienou, assim, as suas convicções para não ser obrigado a promulgar a lei em segundas núpcias.» [DN]
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