11 novembro 2010

EM ESPANHA A CRISE É NO SECTOR PATRONÍMICO

Os portugueses e os espanhóis têm por tradição juntar ao nome próprio os apelidos da mãe e do pai. Em Portugal, primeiro o da mãe, seguido pelo do pai; em Espanha, ao contrário. Em ambos os casos, é o apelido do pai, o último em Portugal e o do meio em Espanha, que mais se usa. Assim aconteceu com António Oliveira Salazar e Francisco Franco Bahamonde - dois nomes de tempos em que a tradição não se discutia -, que não ficaram conhecidos nem como Oliveira nem como Bahamonde. Depois, vieram outros tempos. Os bebés portugueses passaram, por lei, a ter direito de trocar a ordem do patronímico e do matronímico, bastando para isso o desejo dos pais na hora do registo. A lei foi aprovada sem contestação e assim vivemos já há anos sem o país se sobressaltar. Essa lei, que faz prevalecer a vontade do casal na ordem dos nomes, chegou agora a Espanha - e estalou a polémica! A lei é de José Rodríguez Zapatero, conhecido pelo nome materno (Zapatero), que quer impor a igualdade também no nome. A oposição à lei é de Mariano Rajoy Brey, conhecido pelo nome paterno (Rajoy), que considera "atentado à família" estas modernices de se mudar a ordem dos nomes. Portugueses cordatos (não é essa uma condição para combater a crise?), espanhóis quezilentos. Chamo a atenção das agências de rating para, em nome dos nomes, baixarem o nosso juro e subirem o dos vizinhos. Pois...F.F

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