06 fevereiro 2012

ABAIXO DE PIGS


                                       
Pedro Adão e Silva, Abaixo de PIGS

Há títulos que falam por si e o das conclusões da última cimeira europeia é exemplar: “rumo a uma consolidação favorável ao crescimento e a um crescimento favorável ao emprego”. A frase não só não quer dizer nada, como encerra em si uma contradição de natureza esquizofrénica, reveladora do estado em que nos encontramos. George Orwell, estou certo, não hesitaria em classificá-la como um exercício acabado de novilíngua: uma soma de palavras, às quais se remove o sentido e que tem como finalidade restringir as possibilidades de raciocínio.O que move a Europa continua a ser o mito da ‘austeridade expansionista’. No que se está a transformar numa tragédia em vários actos, nas cimeiras europeias insiste-se que a resposta à crise passa por provocar uma recessão, contraindo, em simultâneo, todas as economias, aguardando que daí resulte crescimento e recuperação. Acontece que não há evidência empírica que demonstre que a ideia funciona. Como, aliás, chamava a atenção esta semana Bradford DeLong, professor de economia em BerKeley, se a austeridade expansionista está a falhar na Grã-Bretanha, uma economia muito aberta e com mecanismos de flexibilidade que não existem na zona euro, é impossível que funcione em economias menos abertas e presas a uma moeda única.Até agora, os resultados são  conhecidos: os fundamentos da economia todos de rasto, desemprego a disparar, em particular o dos jovens nos países da periferia, e sistemáticas revisões do PIB em baixa. À recessão soma-se mais recessão, que por sua vez exigirá maior austeridade, numa espiral recessiva sem fim à vista.(…) Contudo, se o momento chegar, seremos todos, da Alemanha à periferia, confrontados com a inviabilidade política e económica do caminho europeu. Até lá, valha-nos ao menos o conforto das palavras do nosso primeiro-ministro: “vamos cumprir o programa, custe o que custar”. Custe o que custar... (Tenho a sensação de que  o homem por vezes não sabe do que fala Fala...fala...fala... só verborreia).

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