17 dezembro 2006

Açores-Altar da Pátria Portuguesa

A velha alma portuguesa era um tesouro inesgotável de valores morais e um facho esplendoroso de virtudes cívicas que iluminaram, por algum tempo, as trevas cerradas da barbárie. Mas... D.Henrique, o iluminado de Sagres, como que pressentia o perigo avassalador de contactos persistentes com estranhas raças, como que divisava o ameaçador contágio de diferentes povos. E, para que houvesse um recanto isolado e escondido, longe do bulício alucinante dos grandes centros geradores de todas as paixões, um ermo lavado de sol, osculado de espumas, onde a alma da pátria - o génio do Amor, a flôr sagrada da tradição - fosse religiosamente guardada e zelosamente conservada, como jóia rara, de inestimável preço. É que, parece, as velas brancas como asas que arrastassem gigantes, partiam constantemente à sua voz, singrando as águas desconhecidas como aves gigantescas que buscassem um rochedo distante, um pináculo virgem onde construir abrigo, edificando ninhos, longe de olhares cobiçosos, livres dos contactos dos homens. Seria assim?...
Em 1431, século da colonização das ilhas açorianas, recomendavam as Côrtes de Évora que se não consentisse a entrada de estrangeiros nas ilhas. Foi assim, talvez, foi para isso, quem sabe... que os Açores foram procurados e aproveitados para receberem a melhor gente da casa do Infante; e para isso conservado o sigilo da sua descoberta para que ninguem maculasse o escrínio sagrado da grande Alma Portuguesa?...
Entre o céu turquesado e o mar glauco nove pedaços de Portugal conservados a meio do oceano, entre a costa lusitana e a riba da América, para dar abrigo aos mareantes de Sagres.
Excerto de PÁTRIA AÇORIANA da autoria
de Gervásio Lima, notável escritor terceirense
que, como António José de Almeida escreveu,
o amor pelos Açores o levava por vezes a
suposições fantasiosas, mas as páginas que
lhe saiam da pena ostentavam sempre
o esmalte de um espírito animado de
uma consciência sã e profunda. O título,
nas palavras do autor, é a forma carinhosa
de consubstanciar a Pátria Portuguesa
nesses nove rincões que são "O ALTAR
DA PÁTRIA PORTUGUESA"

1 comentário:

Anónimo disse...

Tive a honra de me ofertarem a obra em referência, editada pela Câmara M da Praia da Vitória.Foi a sua leitura que me fez interessar por vultos históricos Como Francisco d'Ornelas, Violante do Canto e os navegadores, percusores de Colombo, João Vaz, Gaspar e Miguel Corte Real, entre outros terceirenses ilustres.
...É uma forma curiosa de "blogar"