05 outubro 2008

PRESIDENTE ATACA FORTEMENTE O GOVERNO NO SEU DISCURSO DAS COMEMORAÇÕES DA REPÚBLICA


Manuela Ferreira Leite assiste à cerimónia das comemorações da implantação da República em Portugal, tendo já o Senhor Presidente abandonado o seu lugar na tribuna para proferir o seu discurso e dirigir, no seu estilo mastigado, um forte ataque à acção do governo de José Sócrates.
A líder do PSD, candidata ao lugar do dito Sócrates, assistiu sem dúvida deleitada, embora, certamente, com alguma frustração por Pacheco Pereira nunca lhe ter produzido um coisa desta categoria (coitado, também não tem as acessorias do Palácio dos Pastéis). Mas sem dúvida que o seu guru conseguiria disponibilizar-lhe um discurso talzez até mais verrinoso, mas jamais poderia proporcionar-lhe aquele ambiente solene, com muita fleuma institucional, ouvida em sentido pelas garbosas tropas em parada e com aquele disponível respeito da plebe republicana emocionada com o som estridente dos clarins e o rufar vigoroso dos tambores guerreiros... Todos, mesmo a assistir de sofá sentimos aquele frémito de emoção, algo irracional, quando ouvimos a voz dos nossos igrégios antepassados tão nobre e escrupolosamente assumida pelos nossos insignes representantes, democráticamente eleitos.
E o senhor José Sócrates, de sorriso amarelo estampado no rosto, até declarou de imediato que o discurso do senhor Presidente da República estava em consonância perfeita com o governo (vejam o preciosismo " per-fei-ta"...). Este mentiroso! Com que então, portugueses... não baixem os braços, embora os vossos impostos não estejam a ser bem utilizados; a pobreza, a exclusão social e as desigualdades a aumentarem; os idosos cada vez pior; as divergências com os parceiros cada vez maiores etc etc, se há consonância com isto que consequências tirar por V.Exª. senhor Primeiro Ministro? Assobiar para o ar? Penso que a moral (ou a ética) republicana (já que estamos a comemorar a república) obrigaria a fazer uma de duas coisas: ou contestar vigorosamente as declarações, habilidosas ou não, do Presidente da República e declará-lo opositor ao governo, aguardando as consequências; ou então, como declarou estar de acordo com elas, entregar a pasta e pedir eleições antecipadas. Para quem é considerado uma "fera," parece estar a revelar-se um simples gatinho manso a ronronar aos pés do tio Aníbal. Enobrece-lo-ia e veríamos se conseguiam levar facilmente a senhora ao colo para a cadeira de onde o outro caiu... Isto de transformar discursos institucionais numa espécie de jogos florais resulta apenas no desprestígio das instituições da República e no abandalhamento do jogo democrático. Penso eu.




































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