10 junho 2009

Claudia Cardoso-deputada A.R.Açores
É fácil dizer agora que Vital Moreira foi um erro de casting. Mas não basta colocar nas mãos do Avô Cantigas a responsabilidade pelo resultado do PS nas eleições europeias. Todos perceberam que o ar enternecedor do candidato, talhado para o gabinete, resultaria mal nas arruadas e poderia comprometer o desfecho. Insistiu-se na escolha, que se revelou errada no percurso, mas que não se adivinhava tão desastrosa no final. É correcta a análise de que este resultado não pode ser extrapolado para outras eleições. O eleitorado distingue com argúcia ao que vai. E só lá foram 37% dos portugueses. Venceu portanto a tenebrosa abstenção. O PS perdeu as eleições europeias, as oposições ganharam. À direita e à esquerda. O que significa que o eleitorado quis penalizar as políticas nacionais na eleição distante. Na eleição errada. Jogando por antecipação e fazendo surtir o efeito da ameaça. A esmagadora vitória da abstenção, acima dos prognósticos mais pessimistas, penalizou decisivamente o partido da governação e foi um sinal inequívoco de condenação das políticas seguidas, desde logo pelo aumento dos votos em branco. Mas é útil recordar que em 2004, quando governava a coligação PSD/CDS/PP, esta penalização foi muito superior, tendo então o PS vencido as europeias com 11% de vantagem sobre a direita coligada. O efeito sanduíche dificilmente terá repercussão nas próximas eleições porque a sua natureza é distinta, e o eleitorado perante a escolha do Primeiro-Ministro terá, como já o demonstrou uma sondagem feita à boca das urnas, uma leitura diferenciada. Embora me pareça amplamente recomendável que o PS não menospreze a análise ponderada dos resultados e os sinais que estes enviam. É que também Narciso se apaixonou pela sua imagem sem a questionar e com o desfecho que se conhece.
claudia_coelho_cardoso@hotmail.com

Sem comentários: