15 dezembro 2009

TEMPOS A EXIGIREM BOM SENSO E TEMPERANÇA


Daniel Amaral. "Plano para reduzir défice... só em dez anos"

O economista lamenta que os investimentos públicos sejam mal amados pela direita e que Teixeira dos Santos tenha aceitado sem pestanejar as ordens de Bruxelas

Na debilidade em que a economia se encontra, reduzir o défice de 8% para 3% do PIB em apenas quatro anos é de uma violência inaudita. Saliento a aparente resignação com que Teixeira dos Santos acolheu o modelo que Bruxelas quis impingir-lhe: "Consolidação até 2013?
Maior a que ponto? E que tipo de medidas?

O normal seria apontar para um plano de retorno aos máximos inicialmente definidos: 3% para o défice e 60% para a dívida. Para ser eficaz, este plano devia abranger um prazo não inferior a dez anos e ter a cobertura do PSD, pelo menos.
Prolongar o plano de consolidação orçamental pode afectar a credibilidade do país e o rating da República?
Que as empresas de rating prefiram uma consolidação rápida a uma consolidação lenta é natural. O risco é menor. Mas estas empresas, sendo muito exigentes, não são estúpidas. Primeiro, o défice orçamental deve ser encarado em articulação com a dívida pública. Depois será sempre preferível uma consolidação pacífica em dez anos a uma consolidação tumultuosa em quatro. Gostaria de enganar-me, mas o que aí vem é uma perturbação social muito grave.
Muito grave como?

Desemprego muito alto, mas também algo pior que isso: em situações de desespero, de descontrolo, de revolta absoluta - um tal estado de perturbação que leve as pessoas a fazerem coisas que nunca fariam em condições normais. Daqui à tragédia social é um passo.


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