CAVACO, A SURPRESA DA CAMPANHA
Não me lembro de Cavaco Silva ter feito nada de particularmente relevante para o país enquanto presidente e, como primeiro-ministro, as negociatas dos amigos que promoveu são exemplo do que são capazes os melhores alunos da escola cavaquista.
Embora a memória não me ajude, admito que em algum momento de distracção tenha tido iniciativas meritórias, durante os quinze anos que leva nos mais altos cargos da nação. Porém, do que não tenho dúvidas, é de que raramente concordo com o que diz. Nem tanto pelo que diz, mas pela falta de convicção. Embora queira alardear que não é político, Cavaco Silva soa mais a falso do que aqueles que ele insinua serem. Mas o seu pecado maior é obedecer sempre ao princípio da sua conveniência, não à conveniência do país.
Tomado por um desespero que as sondagens não ajudam a compreender, o seu comportamento nesta campanha é um exemplo flagrante da subordinação dos interesses do país às suas conveniências pessoais, com relevo para o abrir de pernas ao FMI e os favores explícitos ao ensino privado.
Qual Alberto João, Cavaco vai chamando loucos e desonestos às sombras que se atravessam na sua caminhada para Belém. Quando chegar, talvez já não encontre os resquícios da honorabilidade que jura ter lá deixado e é velho demais para voltar a nascer…
Até aqueles que não esperavam dele nada de positivo se surpreendem com nível a que desceu, arriscando-se a perder, além do voto, o único trunfo de um político-não-político: o respeito pessoal.
Este é sem dúvida o fenómeno mais importante e a grande surpresa desta campanha eleitoral.
José Ferreira Marques
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