19 junho 2011

A CRISE GREGA



O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, alertou hoje para a possibilidade de efeito de contágio da situação que está a ser vivida pela Grécia. 
Essa é a razão pela qual somos contra qualquer tipo de incumprimento com ‘haircut’ e qualquer forma de envolvimento do sector privado que possa levar a um acontecimento de crédito ou a um acontecimento de ‘rating’”, comentou o português em Frankfurt, aquando da apresentação do Financial Stability Review do 
BCE. 
Contudo, Constâncio salientou que não era contra todos os tipos de envolvimentos do sector privado, reiterando que uma espécie de iniciativa de Viena pode acontecer. Essa iniciativa aconteceu em 2009, quando foram adquiridas novas obrigações de vários países da Europa de Leste aquando do fim dos títulos que alguns bancos tinham em sua posse. 
A autoridade monetária defende que os detentores de obrigações só devem participar na resolução da crise grega caso concordem em fazê-lo de forma voluntária. Isto porque é contra qualquer forma que possa ser interpretada como incumprimento. Pelo contrário, a Alemanha tem-se mostrado a favor de uma extensão dos prazos dos títulos de dívida. 
Apesar disso, o português assegurou que não cabe ao BCE disponibilizar as soluções para resolver a crise. 
Relativamente ao documento que foi hoje apresentado, a principal conclusão é precisamente a de que a crise da dívida grega pode ter um efeito de disseminação sobre o sector bancário. “A Zona Euro enfrenta uma situação muito desafiante que vem muito da interconexão entre a crise da dívida soberana e a situação do sector bancário”, revela o documento citado pela Bloomberg. 
Ainda hoje, a Moody’s avisou que poderia baixar o “rating” de três bancos franceses devido à exposição que têm face à dívida grega. A França é, após a Alemanha, o país europeu mais exposto aos investimentos em obrigações helénicas.
No discurso aquando da apresentação do Financial Stability Review, Constâncio falou ainda de que a crise precisa de ser travada através do “ajustamento” orçamental nos países cujas finanças públicas estão mais vulneráveis. 

O pedido aos governos para restaurar a confiança dos investidores e conter a crise orçamental é um esforço “crucial” para a “mitigação dos riscos relativos à crise da dívida”, indica o relatório

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