09 janeiro 2011

86 MINISTROS DAS FINANÇAS EM 100 ANOS





Como é que um país pequeno e com dez milhões de habitantes como Portugal pode ter tido 86 ministros das Finanças ao longo de cem anos? Não parece um número demasiado elevado? Não soa estranho? Demo-nos ao trabalho de ir fazer a comparação com outros países para verificar se este seria um mal apenas português ou se era comum a alguns dos parceiros europeus. O mal, perceba-se, é o da instabilidade num cargo que deveria ser o mais estável de todos.
Fixámo-nos melhor nos últimos 37 anos. Neste período já vivido Como é que um país pequeno e com dez milhões de habitantes como Portugal pode ter tido 86 ministros das Finanças ao longo de cem anos? Não parece um número demasiado elevado? Não soa estranho? Demo-nos ao trabalho de ir fazer a comparação com outros países para verificar se este seria um mal apenas português ou se era comum em democracia foram 24 as personalidades - 23 homens e uma mulher - que ocuparam a cadeira das Finanças. Espanha teve 19 - também 18 homens e uma mulher -, um número igualmente elevado mas já menor que o nosso. Mas o mais curioso e surpreendente é verificar que o Reino Unido teve dez e a Alemanha apenas nove. Uma diferença considerável e que pode ajudar a explicar porque é que o marco e a libra sempre foram moedas respeitadas e o escudo e a peseta uns parentes pobres daqui do sul. A solidez financeira só pode estar ligada à estabilidade política, e a verdade é que só somos credíveis quando mostramos segurança. Isto é válido tanto no plano material como no psicológico, talvez seja interessante abordar esta questão no divã e todos sermos sujeitos a uma psicoterapia colectiva...
Tentámos então encontrar uma razão para termos tido um ministro em cada ano e meio dos últimos 37 que já passaram. E das três uma: ou os nossos ministros das Finanças ficavam de cabeça perdida quando percebiam que não havia forma de dar a volta ao Orçamento do Estado nem às dívidas que se iam acumulando e começavam a dar indícios de cansaço, ou zangavam-se rapidamente com o primeiro-ministro porque este lhes pedia muito e eles não tinham mais para dar, ou, então, porque esbanjavam até mais não e quando era altura de prestar contas não sabiam como fazer e batiam com a porta. As verdadeiras razões para tanta ciclotimia neste cargo nunca foram tornadas públicas, mas o facto é que foram ministros a mais em tão pouco tempo e isso só pode ter tido um custo que agora estamos todos a pagar e bem.Como entrámos 2011 a ter de viver com mais austeridade financeira e a todos os contribuintes são pedidos esforços, também a cidadania tem o dever de exigir a quem é responsável pela gestão do Estado que o faça de modo mais contido, transparente e estável. O próximo, o que vier a seguir a Teixeira dos Santos, só pode começar do zero e fazer aquilo que todos já entendemos há muito tempo: para gastar cem, é preciso ter trezentos.
DN




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