30 março 2011

CACOFONIA NO LARANJAL

Já toda a gente verificou que o PSD fala a várias vozes. Conforme os destinatários, ora avançam os trauliteiros ora o chefe. Passos Coelho, como diz a minha empregada, é mais em estrangeiro. Cá dentro há um limite para exigir sacrifícios aos portugueses, e só podemos estar de acordo, mas, para americano ler... However, since the beginning of the financial crisis we have continued to witness the Government's unwillingness or inability to implement the necessary measures... Pois!
Isto faz lembrar o papelucho — a expressão é de Medeiros Ferreira — que o Presidente da República entregou à Reuters, para Bloomberg ver, garantindo o compromisso do PS, PSD e CDS-PP no cumprimento das metas do défice. Como lembrou, e bem, Medeiros Ferreira, o Estado não manda recados. O Estado tem órgãos próprios, o primeiro dos quais o Parlamento, para garantir que é uma pessoa de bem. O papelucho faz do mediador um moço de fretes (continuo a citar o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros). Não admira o coice das agências de notação.
Para tornar as coisas mais caricatas, as decisões do Conselho Nacional do PSD ontem reunido omitem a posição do partido face ao controlo do défice público. Devem achar que o papelucho basta. Também nada dizem sobre Justiça, Educação e Saúde, temas naturalmente irrelevantes. Urgente, dizem eles, é recentrar o Estado «nas suas funções nucleares e de garante da coesão social.» Sobre política fiscal, silêncio absoluto. Tudo visto, o PSD prepara-se para pedir um cheque em branco aos portugueses.
Da Literatura

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