27 outubro 2011

TACHOS, TACHINHOS E ARASTADEIRAS

                  

Quando um ignorante e um mentiroso compulsivo se juntam numa mesma pessoa, o resultado dá uma mistura explosiva. Passos Coelho comprometeu-se, durante a campanha eleitoral, a reduzir drasticamente a dimensão dos gabinetes ministeriais, garantindo então que haverá regras muito rígidas para as equipas ministeriais, que “poderão recrutar um ou dois adjuntos”, tendo de recorrer aos quadros da administração pública para compor o resto das suas equipas.Mesmo nas vésperas das eleições, Passos Coelho, entrevistado na TSF, foi mais longe: comprometeu-se a fazer uma lei que obrigaria, até ao final do mandato do Governo, a reduzir para metade o número de assessores dos gabinetes ministeriais.

Hoje, já estamos em condições de avaliar o regabofe que aconteceu após as eleições, em que raras foram as individualidades recrutadas no seio da Administração Pública e os gabinetes ministeriais rebentam pelas costuras.

Mas Passos Coelho voltou  à carga na conferência do Diário Económico: o Governo pretende também «acabar com esta ideia de um Estado paralelo que é construído dentro dos gabinetes dos ministros e dos secretários de Estado e que desqualifica a Administração», impondo que assessores e adjuntos sejam recrutados «na Administração Pública» de forma a impedir que «cada vez que um Governo é substituído ou uma equipa ministerial é substituída todo o saber, toda a competência saia com os titulares desses lugares» e fazer com que esta permaneça «na Administração para que seja efectivamente do Estado e não do Governo».Chegados aqui, uma dúvida se coloca: esta lei é para aprovar já, correndo por conseguinte com as arrastadeiras que infestam os gabinetes ministeriais, ou é para produzir efeitos na próxima legislatura, quando este governo tiver sido sovado?

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