16 fevereiro 2009

ENQUANTO HÁ ESPERANÇA

Espanhóis e Portugueses serão sem dúvida muito diferentes ao olhar do sociólogo, do politólogo, do astrólogo, mas nada como um bom escândalo político para desafiar a crise. E quanto maior e emaranhado o novelo, melhor. Aqui não há arguidos, há presuntos. E, como não poderia deixar de ser, fortes indícios. Madrid, Janeiro de 2009. Denúncia jornalística. Partido político. Eleições regionais à porta. Dirigentes incómodos. Escutas, suspeitas de corrupção, esquema de segurança/espionagem paralelo. Uma mala contendo documentos, cassetes, DVDs e dinheiro em paradeiro incerto. Um juiz internacionalmente conhecido, valente da direita ontem por atacar o PSOE de González com os GAL, vilão hoje por estar a montar uma cabala contra o PP.
Mais uma novela da vida real. Não tendo como pegar em jornais portugueses aqui (acreditam que não há como comprar um jornal português em Madrid? Quando alguém em escala a caminho de Lisboa me pediu que arranjasse o expresso, pensei que se tratava de um autocarro), e já perdida no novelo da internet, decidi dedicar-me ao escândalo da Comunidade de Madrid. Andei agarrada alguns dias; confesso que também já desisti.
E de repente lembrei-me da crise. E, triste associação de ideias, lembrei-me do filme “Tout va très bien Madame la Marquise”, dos anos 30. E não é que a protagonista se assemelha em muito a Esperanza Aguirre, a sobrevivente da política espanhola (a mesma que veio descalça de Bombaim sob o terror e que escapou ilesa, com Rajoy, a um acidente de helicóptero em 2005)? Foto de Esperanza Aguirre (in País Relativo)

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