30 março 2009

O MOVIMENTO DE MANUEL ALEGRE

Rebuscando o passado para melhor entender o presente...

Talvez o mérito de Manuel Alegre tenha sido o de explicitar, sem pouca ambiguidade, o tipo de "socialismo" que é o seu e de o apresentar como a ideologia de um virtual Partido Socialista renovado.É impossível introduzir nessa "ideologia" uma coerência que não comporta. Há nele várias tradições de Esquerda amalgamadas e pouco compatíveis. Há, sobretudo, inquietante, um relento "ultranacionalismo" que o leva para outras paragens. Mas o que mais a define é o seu discurso "antipartidos" como se a essência mesma do salazarismo ressuscitasse ao serviço de um sebastianismo guevarista.
(...) Mas não se estranhe que um seu admirador lhe diga que a sua cruzada antipartido, além de intrinsecamente demagógica, populista no pior sentido, é ideologicamente incoerente, ou então francamente inaceitável. A Democracia não é o paraíso político na Terra. É apenas a difícil aprendizagem de solucionar com o mínimo de racionalidade e paz os antagonismos de toda a ordem que a sociedade dos homens fabrica. Mas os messianismos unanimistas são, sem excepção alguma, o inferno da História ou a História como inferno.
E é um facto que o movimento de Manuel Alegre nasceu, não para dar voz aos cidadãos, não contra os partidos, mas sim , contra, única e exclusivamente, o PS. Mais precisamente, o PS de José Sócrates que, entre dois velhos militantes do partido, não teve outra escolha que não fosse apostar no mais velho. Que à sombra desta quezília inicial se tenham reunido outros pequenos e grandes descontentamentos, com Sócrates principalmente, mas até com o resto, a "vidinha" inclusive, é história circunstancial.



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