25 fevereiro 2010

CANDIDATO-NOBRE-CANDIDATO

O REI

O Súbdito
Compreende-se que surjam candidatos a cargos políticos que se declarem do outro lado da barricada da política, para além da política ou contra a política ou, ainda mais, além da política partidária. Buscam capitalizar o descontentamento popular que, em certas épocas, perante o aparente desconcerto da política julgam favorecer um discurso apartidário senão mesmo anti-partidos. O problema é que o Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação, é o vértice do nosso sistema político, o mais político de todos os cargos políticos num regime democrático de partidos. E proceder assim é uma nota de oportunismo escusado e que nem valoriza quem assim procede.Estamos a referir-nos ao médico Fernando Nobre que se tirou dos seus cuidados com as nobres missões no estrangeiro em socorro dos desvalidos para vir salvar a pátria dos partidos políticos. Parece que já chegou atrasado para esse negócio visto Manuel Alegre já estar estabelecido nesse ramo faz já algum tempo, negócio que não parece ser tão rentável como se julga... Não haverá assim tanta clientela disponível para esse tipo de mercadoria como os menos avisados pensam...
A novidade que este médico parece trazer para a pré-campanha é uma agressividade insuspeita num homem cordato e de voz suave que parecia querer acarinhar o mundo com a sua bondade. Para dar início às hostilidades e a propósito de qualquer comentário político do poeta, tratou o Manuel Alegre abaixo de mosquito, naturalmente para elevar a sua pessoa à qualidade grande passarão.Repete as palavras 'cidadãos' e 'cidadania' em quase todas as respostas e foi pelos portugueses que o médico Fernando Nobre decidiu avançar com a candidatura a Belém, rejeitando "enfeudar-se" a partidos políticos. Abdica da imagem de "herói" que poderia ter daqui a dez anos (sic), se não se envolvesse agora na corrida à Presidência da República. Mas recusa ficar na "retaguarda" da "crítica fácil". "Não quero acomodar-me. Se vencer venci, se perder perdi." defende. Quanto à divisão da esquerda, é claro: tem um projecto de união que não conhece cores políticas (tipo Albergue Espanhol). Além disso, diz ser "o único candidato" já assumido. Curiosamente este senhor é um apoiante do partido, porventura, o mais politiqueiro de todos: o Bloco de Esquerda, circunstância que não favorecerá muito a sua imagem entre o eleitorado que não pactua com anormalidades e irrelevâncias. A identificação com tal agrupamento é um retrato de personalidade, de projecto de vida e de sociedade... Para mim bastaria para o excluir das minhas opções. E até acho que é um desperdício abandonar a Carreira de Herói que teria como certa e que porventura mereceria. Assim vai sujeitar-se às ferroadas dos mosquitos e não vai salvar pátria nenhuma.
Mas, para além disso, muito mais curioso é o facto de o cidadão em causa, o bonzinho que acha um dever de consciência candidatar-se a Presidente da República e ser afinal, um consagrado monárquico. É isso que Ricardo Alves esclarece no blog Esquerda Republicana. O que está aqui em causa? A causa monárquica? Estará a contar a história toda? Quererá o homem minar o sistema por dentro? Não se põe em causa a estimável actividade como médico em acção humanitária, mas este novo empreendimento não parece partir de premissas muito correctas. Parece mesmo que o nosso homem é muito abrangente no que se refere a tralha ideológica. Demasiado abrangente para que não se corra o risco de ver Lenine, Estaline, Trotski e o D.Duarte de Bragança a desfilarem de braço dado pela Avenida abaixo em qualquer 1º. de Maio.

2 comentários:

Bravura Lusitana disse...

Fernando Nobre é um homem de bem, um Humanista e um Patriota, com provas dadas em todo o mundo pelas suas acções humanitárias, através da AMI.

É um homem livre. Tal como Canto e Castro, nada o impede de ser candidato à Presidência da república e prestar um bom serviço ao País.

Se a república segue os princípios da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade, Fernando Nobre também é livre de ser candidato, tal como os outros.

Ou a Liberdade é um direito só para alguns?

"Bem prega Frei Tomás, olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço".

A. A. Barroso disse...

Ninguem condiciona o dr Nobre a concorrer a P.R. A crítica resume-se ao facto de o candidato militar em organizações monárquicas e concorrer a um cargo que tem por missão defender a República. Quanto a Frei Tomás era o que faltava não se poder fazer crítica política a um monárquico! Ou já estamos a caminho da monarquia absolutista?...