SÃO SÓ OS FILHOS DOS OUTROS?
O engenheiro João Cravinho, antigo ministro de vários governos e actual administrador do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, veio de Londres a Lisboa dizer que a «corrupção política anda à solta». Entre as medidas avulsas que propôs à comissão de inquérito anti-corrupção, sugeriu premiar cidadãos que avancem com processos contra quem lese interesses do Estado. «O cidadão em causa», lê-se hoje no Público, «teria o direito a 15 ou 20 por cento do valor recuperado». Não é extraordinário?Em matéria de transparência na contratação de dirigentes da administração pública, gestores de sociedades de capital público e empresas com participação do Estado, o administrador do BERD propõe uma comissão independente para organizar o processo, «aberto a todos os cidadãos». OK.Sucede que o eng.º João Cravinho tem um filho no governo, o doutor João Titterington Gomes Cravinho, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Não estando em causa nem o currículo nem as aptidões demonstradas para o cargo que exerce desde 14 de Março de 2005, o cidadão comum tem a pergunta na ponta da língua: «Estava lá, se não fosse filho do papá?» Claro que é injusto. O doutor João Titterington Gomes Cravinho não deve precisar do governo para nada. Mas, seguindo o raciocínio do pai, torna-se um alvo apetecido da deriva populista. Ou são só os filhos dos outros que beneficiam de tráfico de influência? in DA LITERATURA
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