03 janeiro 2012

A PIOLHEIRA E O RESTO

Eça dizia que Portugal era “um sítio”, ligeiramente diferente da Lapónia que nem sítio era. O rei D. Carlos achava Portugal “uma piolheira”, “um país de bananas governado por sacanas”. Alexandre O’Neill referia-se-lhe como “três sílabas de plástico, que era mais barato”, “um país engravatado todo o ano / e a assoar-se na gravata por engano.” Um sítio, uma piolheira, três sílabas de plástico – a síntese perfeita do esplendor da pátria. “No sumapau seboso da terceira / contigo viajei, ó país por lavar / aturei-te o arroto, o pivete, a coceira / a conversa pancrácia e o jeito alvar” (O’Neill). Arroto, pivete, coceira, conversa pancrácia, jeito alvar. Assim continua a ser Portugal. Um país de juízes confessadamente incompetente. Exemplos? O processo dos CTT que envolve o ex-presidente Carlos Horta e Costa – um juiz de Lisboa declarou-se incompetente para o julgar e remeteu-o para Coimbra onde uma juíza se declarou igualmente incompetente! O processo TagusPark, nascido de uma certidão extraída do Face Oculta – um juiz da 8ª Vara Criminal de Lisboa declarou-se incompetente e vai mandar o processo para Aveiro onde, é suposto, se revele publicamente a auto-incompetência de qualquer outro “meritíssimo”, passe a ironia que o adjectivo explicita. Ainda em Lisboa, dois juízes de diferentes varas declararam-se incompetentes para apreciar o processo contra três administradores da empresa gestora dos bairros sociais, a Gebalis! O julgamento do processo-crime do BCP foi adiado sine die, provavelmente à espera de um juiz que, finalmente, se possa considerar competente. Continuar a ler

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