SEMPRE AS ESCUTAS
Alguns mitos sobre as escutas
Henrique Monteiro (www.expresso.pt)
Quase toda a gente parece saber tudo sobre as escutas entre José Sócrates e Armando Vara. Como eu não sei quase nada, tenho dúvidas sobre inúmeras coisas que se dizem. E que me parecem ser mitos.
A ideia de que as escutas entre Sócrates e Vara deveriam ser reveladas pela Justiça, devido à sua importância política, é bastante risível. Uma coisa é o dever de o PM declarar que nada de ilegal disse (coisa que nunca fez); outra é os seus desabafos, confidências ou estados de alma serem públicos. Um princípio assim daria à Justiça e ao Estado poderes inimagináveis.
Mas se eu tivesse as escutas publica-las-ia? Dependeria de uma análise cuidada. A função da Imprensa é diferente da função da Justiça. É por isso que a Justiça é um poder e a Imprensa um contrapoder. Há aspectos que os jornais devem noticiar pela sua relevância (por exemplo, mentir no Parlamento), ainda que constituam qualquer ilícito; e aspectos com que a Justiça lida e nunca podem ser noticiáveis (a identidade de um menor vítima de abuso sexual, por exemplo).
Outro ponto a desmistificar é a ideia de que Sócrates foi escutado. Não foi! Vara, arguido no processo 'Face Oculta', é que estava sob escuta. Sócrates foi interceptado, como seria qualquer pessoa que falasse com Vara.
Daqui decorrem outros dois mitos estúpidos. O primeiro, que deveria haver autorização prévia do STJ para escutar Sócrates (como se fosse possível, uma vez que ninguém saberia se, quando e quantas vezes ele falaria a Vara); outro, o de que mal fosse interceptada a voz de Sócrates, deveria ter seguido o pedido de autorização. Não vou violar o segredo de Justiça, mas imaginem que estava em causa uma conversa assim: "Estás bom? Queres ir almoçar amanhã?" E a resposta: "Que maçada, não posso tenho de ir para Bruxelas". E com um deixa, fica para a próxima e cumprimentos à família terminava. Alguém acharia que isto tinha de ser validado pelo STJ? Claro que não!
Quase toda a gente parece saber tudo sobre as escutas entre José Sócrates e Armando Vara. Como eu não sei quase nada, tenho dúvidas sobre inúmeras coisas que se dizem. E que me parecem ser mitos.
A ideia de que as escutas entre Sócrates e Vara deveriam ser reveladas pela Justiça, devido à sua importância política, é bastante risível. Uma coisa é o dever de o PM declarar que nada de ilegal disse (coisa que nunca fez); outra é os seus desabafos, confidências ou estados de alma serem públicos. Um princípio assim daria à Justiça e ao Estado poderes inimagináveis.
Mas se eu tivesse as escutas publica-las-ia? Dependeria de uma análise cuidada. A função da Imprensa é diferente da função da Justiça. É por isso que a Justiça é um poder e a Imprensa um contrapoder. Há aspectos que os jornais devem noticiar pela sua relevância (por exemplo, mentir no Parlamento), ainda que constituam qualquer ilícito; e aspectos com que a Justiça lida e nunca podem ser noticiáveis (a identidade de um menor vítima de abuso sexual, por exemplo).
Outro ponto a desmistificar é a ideia de que Sócrates foi escutado. Não foi! Vara, arguido no processo 'Face Oculta', é que estava sob escuta. Sócrates foi interceptado, como seria qualquer pessoa que falasse com Vara.
Daqui decorrem outros dois mitos estúpidos. O primeiro, que deveria haver autorização prévia do STJ para escutar Sócrates (como se fosse possível, uma vez que ninguém saberia se, quando e quantas vezes ele falaria a Vara); outro, o de que mal fosse interceptada a voz de Sócrates, deveria ter seguido o pedido de autorização. Não vou violar o segredo de Justiça, mas imaginem que estava em causa uma conversa assim: "Estás bom? Queres ir almoçar amanhã?" E a resposta: "Que maçada, não posso tenho de ir para Bruxelas". E com um deixa, fica para a próxima e cumprimentos à família terminava. Alguém acharia que isto tinha de ser validado pelo STJ? Claro que não!
1 comentário:
pois lamento mas as noticias freeport ao que parece só existem cá no burgo.
http://apombalivre.blogspot.com/2010/03/pois-lamento-mas-as-noticias-freeport.html
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