IMORAL! OBSCENO! CHOCANTE!...
Imoral. Obsceno. Chocante. É preciso chegar ao extremo do presidente da EDP, que ganha num mês o que um trabalhador aufere, em média, ao longo de 25 anos, para que o consenso do empresarialmente correcto dê alguns sinais de enfraquecimento num dos países mais desiguais da Europa. Nas últimas duas décadas consolidou-se uma cultura pública que ignorou os custos sociais das desigualdades económicas: da ausência de mobilidade social aos níveis persistentes de pobreza, passando pela desmotivação no trabalho, pela erosão da confiança e acabando na arrogância do dinheiro concentrado, que se transmuta com tanta facilidade em poder político e em corrupção.Infelizmente, a hegemonia do empresarialmente correcto não se dissolve num dia e a indignação moral, o "estupor público", para usar a apta expressão da socialista Ana Gomes, não se transforma automaticamente em reformas igualitárias. Sócrates, um representante do bloco central, já se sabe, incensa os ricos e os seus elogios a Mexia, que justamente indignaram Ana Gomes, são talvez a expressão da crença bizarra de que os níveis de remuneração reflectem o mérito e não o poder.Enquanto isso, demasiados críticos continuam presos à ideia de que as remunerações elevadas dos gestores só são uma questão política quando se trata de empresas públicas ou participadas pelo Estado.
Na realidade, a questão de quem se apropria do quê e porquê em toda a economia - envolva directamente o Estado ou não - é demasiado importante para ser deixada, por exemplo, à sorte da aliança que se formou entre accionistas e gestores de topo para extrair bónus e dividendos à custa do esforço da esmagadora maioria dos trabalhadores, reduzidos a um mero custo a economizar...
Na realidade, a questão de quem se apropria do quê e porquê em toda a economia - envolva directamente o Estado ou não - é demasiado importante para ser deixada, por exemplo, à sorte da aliança que se formou entre accionistas e gestores de topo para extrair bónus e dividendos à custa do esforço da esmagadora maioria dos trabalhadores, reduzidos a um mero custo a economizar...
João Rodrigues no i (autordo blogue Ladrões de Bicicletas)
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