12 outubro 2010

A COISA ESTÁ PRETA


Dando de barato a propensão oracular do i, uma coisa parece certa: cada vez se torna mais improvável que os passistas venham a formar governo nos tempos mais próximos. Se o OE for chumbado, Cavaco será obrigado a medidas extremas. Mas ninguém o vê a entregar o país a um grupo de bloggers. Cavaco tudo fará para conservar em funções o actual governo, pelo menos até à realização de eleições antecipadas, nunca antes de Junho de 2011.
Se a crise atingir um pico insustentável, obrigando o Estado à dilação de pagamentos (e quaisquer dez dias seriam suficientes para tumultos de consequências imprevisíveis; é disto que fala Marcelo quando alude a colapso financeiro) e alguns bancos a uma situação de pré-ruptura; e se, nessas circunstâncias, Sócrates bater com a porta, Cavaco não terá alternativa em formar um governo de sua iniciativa. Não acredito na hipótese Gama, não por causa dele, mas porque o PS não deixará avançar nenhum dos seus. E numa lista de putativos primeiros-ministros, Passos Coelho não tem lugar. Talvez não quisesse tê-lo, admito que sim, mas, para o PSD, o busílis é outro: ele não conta. Mais depressa lá chega Eduardo Catroga, ou mesmo Ernâni Lopes.
E depois, com as eleições (irrelevante saber se é o PSD que fica dois pontos à frente do PS ou o contrário), voltamos à tranquibérnia. A coisa está preta.

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