11 outubro 2010

"TIBALDINHO"

Pelo João Galamba (Jugular) tomamos conhecimento de que o grupo parlamentar do PSD, contrariando a direcção do seu partido que diz querer acabar com os institutos públicos, apresentou recentemente uma proposta de criação de um organismo de direito público para a “PROMOÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS BORDADOS DE TIBALDINHO”.
Talvez se duvide da oportunidade desta proposta, mas é difícil resistir à sua fundamentação: “Nestes panos é bordada uma panóplia de motivos decorativos: os ilhós simples, espirais de ilhós (enleios), arcos de ilhós (cadeia), arcos ogivais, quadrados de nove ilhós, espirais de cordão, espirais de borbotos, círculos simples e concêntricos, rodízios, estrelas, óculos em cruz, corações simples, floridos ou com chave, com hastes, pétalas, malmequeres, girassóis, cravos, botõezinhos, folhas abertas e fechadas, folhas redondas, alongadas, pontiagudas e serrilhadas, folhas de feto, carvalho, trevo de quatro folhas, composições florais, laços, silvas, bolotas, tranças, pevides, pássaros, borboletas, Cruz de Cristo, dois oitos em cruz, crivos simples e de duas pernas, recorte ondeante, bainha aberta, machocos redondo, alongados (de pevide) e bicudos (serrilha ou dentes de rato), curvas espiraladas, cordão ondeante, canutilhos, pompons, letras maiúsculos, monogramas.
Com os alvos fios de lã são feitos os seguintes pontos: lançado, entrançado, espinhado, de recorte (vulgo caseado), de cordão, de nós, pé-de-flor, de cadeia, de formiga e de canutilho”.
Eu sei que é difícil conter as lágrimas, mas se os bordados feitos na simpática aldeia da freguesia de Alcafache (Mangualde) “por meia centena de bordadeiras que mantêm viva a tradição, sendo para a maioria delas o bordar uma actividade supletiva e irregular”, conseguiram chegar até aos nossos dias sem precisar da tutela do estado, que falta lhes faz um organismo público?
Para quem enche a boca com a redução da despesa pública e o emagrecimento do estado, estamos conversados.

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