O PECADO ORIGINAL
Eis o pecado original de natureza política que contribui, de forma decisiva, para a coreografia do fim a que assistimos: os últimos doze meses têm-se encarregado de provar a irresponsabilidade de termos o único governo de maioria relativa da zona euro, sem qualquer tipo de acordo parlamentar estável ou coligação ministerial. O Governo, os partidos, o Presidente e os parceiros sociais, ainda que em doses diferentes, são corresponsáveis por nos encontrarmos numa situação que é politicamente excêntrica e que dificultou os ajustamentos necessários. Há também nisto um lado fúnebre: como se não bastasse a crise económica e social e os desequilíbrios financeiros, temos hoje um país que se sente politicamente abandonado.
Texto publicado na edição do Expresso de 2 de outubro de 2010.
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