06 dezembro 2010

NEVE EM TERRAS DE BARROSO

 Oito graus negativos!  A água gelou nas torneiras e  há uma semana que nenhum dos habitantes de Couto de Dornelas, Vila Real, consegue sair da aldeia coberta de neve.
Os 500 moradores daquela pequena localidade da Região de Barroso, Trás-os-Montes, estão habituados ao isolamento rigoroso, mas os dias vão passando e até os alimentos começam a faltar. "Frutas, pão, iogurtes, leite, café e mercearia começam a escassear", admite ao DN, Xavier Barreto, presidente da junta de freguesia. "O que vale é mesmo os fornos tradicionais, a que já ninguém ligava, para que se faça o pão da aldeia, porque até as reservas que vamos tendo e que vão dando de uns para os outros acabam."Nas aldeias de Boticas o frio é tanto que as pessoas só saem de casa para dar de comer aos animais, com feno e rações, pois até o pasto nos campos é impossível. "Neste momento já nem a água corre nas torneiras, pois os canos congelaram e o que nos vai valendo é a água das nascentes, que, mais ou menos, lá vai correndo", conta preocupado, sobretudo com o risco de falta de apoio médico. "Nem quero pensar se alguém necessitar de cuidados médicos. Pois sair ou entrar nesta aldeia é missão impossível." Aqui nem os 4x4 da Protecção Civil ou os bombeiros conseguem chegar. Na região há outros lugares, vilas e aldeias isoladas, tais como Alturas do Barroso, Cerdedo, Covas do Barroso, Borralha, Lama Longa, a Vila de Salto, Venda Nova e outras. As estradas que ligam a essas vilas e aldeias estão cortadas devido à acumulação de gelo, mas pelo menos o apoio domiciliário da Santa Casa a alguns idosos, servindo refeições quentes e levando medicamentos, está a ser garantido. Nos dias mais frios é também a Protecção Civil quem distribui o correio às populações retidas em casa.

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