CRISE NA RTP
Um dia depois de José Alberto Carvalho e Judite de Sousa terem pedido a demissão dos cargos de director e directora adjunta de informação da RTP, a administração da estação pública tenta encontrar uma solução para preencher o vazio que se instalou na televisão estatal com a saída daqueles dois jornalistas para a TVI. A meio da tarde de ontem, a administração da estação de Queluz de Baixo confirmou, através de um curto comunicado, que os convites que endereçara a José Alberto Carvalho e a Judite de Sousa tinham sido aceites e que o ex-pivot da RTP é o novo director de informação da estação. Confirmou também que Judite de Sousa passa a integrar a futura direcção de informação da TVI.
Ontem, eram apontados vários nomes para ocupar os lugares agora vagos na RTP, mas o PÚBLICO sabe que a administração, presidida por Guilherme Costa, não endereçou ainda nenhum convite, nem a jornalistas da casa nem de fora. Uma das possibilidades de que se falava passaria por uma alteração de figurino com a criação da figura de um director-geral que tutelaria a informação e a programação, cargo que poderia ser ocupado por José Fragoso, actual director de programas da RTP. Uma hipótese que, ao fim do dia, parecia, no entanto, afastada.
Outra possibilidade apontada é o regresso à direcção de Rodrigues dos Santos, que já ocupou por duas vezes aquele cargo. Também o regresso de Nuno Santos, que está actualmente na SIC, era outra das hipóteses apontadas. "Especula-se muito, mas é tudo extemporâneo, porque a administração não fez ainda nenhuma tentativa. Não há ninguém convidado", disse uma fonte que pediu para não ser citada. "A situação já de si é complicada, não vale a pena complicá-la mais com especulações que não correspondem à verdade", disse. A resposta por parte da administração, que o PÚBLICO contactou, veio pela voz da assessora de imprensa. "Não há nenhuma decisão, pelo que a RTP não tem nenhuma comunicação a fazer. Quando houver uma solução falará", disse.Seja como for, a saída daqueles dois profissionais deixou a RTP agitada e a administração reconhece que a si- tuação é delicada e que é preciso cerrar fileiras contra a decapitação na direcção de informação. O administrador e ex-director de informação Luís Marinho esteve ontem reunido com os directores e coordenadores que restam e falou-se de um ataque à empresa. Assim sendo, a RTP pode aproveitar estas saídas - para além dos dois jornalistas, passou também para a TVI Maria José Nunes, directora adjunta de meios de produção da RTP, e especula-se que podem sair outros profissionais do canal público - para mexer na estrutura directiva da televisão pública ou então proceder a uma recomposição da actual equipa. Por causa da situação, foi decidido antecipar de quinta para terça-feira a reunião do Conselho de Redacção. Já a Comissão de Trabalhadores (CT), que prefere uma solução interna, admite pedir explicações à administração se forem feitas contratações externas. Independentemente de poder interpelar antes a administração sobre isso, em Abril, no relatório de balanço social da empresa, a CT quer ter acesso a toda a informação sobre contratações.
Seja como for, a escolha dos novos responsáveis pela direcção de infor- mação da RTP tem de ter o visto prévio da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), visto esse que é vinculativo. De resto, se José Alberto Carvalho tivesse sido destituído, a ERC teria obrigatoriamente de se pronunciar e dar parecer. Através de uma nota que fez chegar ao PÚBLICO, Azeredo Lopes, presidente da ERC, recusou fazer comentários, argumentando que cabe à RTP definir o perfil e proceder à escolha e nomeação do director de informação, pelo que não tem nenhum comentário directo ou indirecto a fazer. "Quando o Conselho de Administração da RTP solicitar o nosso parecer, aí tomaremos uma posição", acrescentou.
Púbblico-Cintra Torres
Púbblico-Cintra Torres
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