15 junho 2011

CATROGA REDUZIDO À SUA INSIGNIFICÂNCIA

                                                                                 
.Eduardo Catroga foi o pilar de Passos Coelho em momentos decisivos e que exigiram grande habilidade política, como a viabilização do Orçamento de Estado para o presente ano. Catroga, com a mãozinha do Presidente Cavaco Silva, foi o cérebro, o rosto e o protagonista das negociações encetadas entre PS e PSD - que, felizmente, chegaram a bom porto, evitando a ideia louca de Passos Coelho não deixar passar o instrumento essencial da nossa política financeira. Neste contexto, a atribuição da pasta das finanças públicas a Eduardo Catroga era um dado adquirido. Natural. Incontestável. Veio a campanha eleitoral - e tudo mudou. Catroga, político muito experiente e audaz percebeu as fragilidades e infantilidades da direcção do PSD, começando a sonhar muito alto: afirmou, mesmo, que ele poderia ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. Consequência: Eduargo Catroga foi deportado simpaticamente para o Brasil, não se fazendo ouvir mais . A relação Passos/Catroga azedou, sem retorno possível à vista. Agora, enquanto decorre o processo de formação do governo, já temos uma certeza: Eduardo Catroga não será Ministro das Finanças.
2.Desta forma, Passos castiga exemplarmente Eduardo Catroga: falou demais, logo, é excluído do projeto passista para o país. Pretende, assim, o próximo Primeiro-Ministro de Portugal deixar um sinal claro de que não tolerará ameaças à sua liderança. É que, caso Passos indicasse Catroga para as finanças, estaria a premiar alguém que comprometeu a sua estratégia política e que mostrou um ego político enorme, com a pretensão (implícita, mas evidente) de ofuscar Passos Coelho. Neste sentido, a opção de Passos Coelho de castigar o ex-ministro de Cavaco Silva é compreensível. Por outro lado, Passos ainda não venceu completamente o complexo de inferioridade que tem perante o atual Presidente da República. É assim mesmo: Passos Coelho teme uma associação excessiva das suas políticas com orientações vindas de Belém e de tiques paternalistas que Cavaco Silva possa ter a partir de agora. Daí que excluir Eduardo Catroga, figura proeminente do cavaquismo, seja o pretexto ideal para reiterar a sua independência face a Cavaco e uma manifestação de autoridade para o exterior. Ao castigar Eduardo Catroga pelos seus distrates políticos, Passos Coelho avisa Cavaco Silva que não admitirá ingerências na esfera governamental - e tenta dar um ar de líder. Veremos se se confirma com os próximos episódios.

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